A melhor definição que se pode ter de alguém, quanto ao seu caráter, é a forma como se manifesta diante da vida e das pessoas que o rodeiam.
Os hábitos comportamentais expressam os sentimentos e as qualidades inerentes ao seu modo de ser.
Conhecedor de suas imperfeições, e não querendo demonstrar possuí-las, faz uso da dissimulação, para que sua realidade íntima não venha a ficar exposta e ser identificada pelos outros.
Obviamente, é muito fácil a exposição do mundo íntimo, quando se refere a atos gentis e bondosos que são fortes elementos para consolidar relacionamentos duradouros. Mas quando se trata de enfrentamentos assinalados pela revolta, pelo ressentimento, ou pela ira, as expessões faciais se embrutecem, revelando, por si só, o grau primário de evolução em que estagia. Da mesma forma, o comportamento imaturo, vulgar, irresponsável revela o primitivismo emocional em que se encontra.
Esses aspectos, todavia, que posicionam o Ser em escalas inferiores de evolução, nada mais são que experiências que contribuirão para a sua autoiluminação, autoconsciência, no processo de aprendizagem. São desafios que impulsionam o amadurecimento espiritual.
Quando alguém toma a atitude de trabalhar em favor do próximo, e o faz com responsabilidade, podemos afirmar que é uma conquista significativa.
O êxito, ou o fracasso, em qualquer empreendimento, depende de atitudes firmes, resultado de um trabalho gradativo ao longo do tempo e que se incorporou à conduta do indivíduo, a ponto de caracterizá-lo.
São os hábitos diários, que, à força da repetição, dão origem às atitudes do indivíduo perante a vida. Se são saudáveis, conduzem à felicidade, à harmonia; ao contrário, se são perturbadores, geram desequilíbrios e transtornos emocinais.
Segundo essa assertiva infere-se que funcionam como reflexos da vida interior, e que podem se modificar quando o Espírito assim o deseje, uma vez que é o comandante do corpo.
Constantemente nos defrontamos com fatos e circunstâncias que nos permitem mudar hábitos cristalizados, conceitos e preconceitos que nos escravizam a comportamentos que não mais condizem com o progresso das ideias que vêm se acentuando à medida que a evolução avança na escalada para a perfeição. Não obstante, o medo, a dúvida nos paralizam a ação.
Com o intuito de ilustrar essa realidade, o Evangelho nos relata o caso daquele jovem que parecia disposto a seguir Jesus, rogando-Lhe que o deixasse acompanhá-Lo. Sem delongas, o Mestre fez-lhe o convite.
Frente à oportunidade, entretanto, o jovem, receoso, fugiu do compromisso e desculpou-se, alegando que iria, antes, sepultar seu pai que havia morrido.
A atitude duvidosa do moço fez com que o Mestre usasse de firmeza ao lhe dizer: “Deixa que os mortos enterrem seus próprios mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus” (Lucas, 9:60).
Esse acontecimento suscita algumas hipóteses. Podemos pressupor que o rapaz não estivesse disposto a renunciar sua juventude, e usou aquela justificativa para se desvencilhar do compromisso… ou, talvez, a preocupação com a nova responsabilidade lhe causasse um medo injustificado, levando-o a desculpar-se com o argumento apresentado.
Muitas vezes, na hora de decisões graves, o receio impede-nos de avançar na senda do progresso e permanecemos na rotina monótona do dia-a-dia.
O medo é fator dissolvente de atitudes nobres que poderiam fazer florescer as faculdades humanas.
Certamente, o leitor amigo perguntará: mas não é lícito ao filho amoroso enterrar seu próprio pai?
Observemos que Jesus não o proibiu desse ato, e quando disse que deixasse aos mortos o cuidado de enterrar seus próprios mortos, referia-se ao aspecto material, àqueles que desconheciam o significado espiritual da vida. Qualquer pessoa poderia executar o sepultamento, mas, de sua iluminação, só ele próprio poderia encarregar-se. Ele, que já despertara para os valores da vida espiritual, deveria aproveitar a ocasião e ensinar aos que estavam presentes à cerimônia fúnebre, aquilo que aprendera sobre o Reino de Deus.
Jesus, antecipadamente, conhecia o que ia na alma daquele filho, conhecia os verdadeiros motivos de sua recusa, mas deixou-o livre para tão importante decisão. O fato é que ele foi e não voltou…
Sucedeu o mesmo ao moço rico que, sendo convidado pelo Mestre para segui-Lo, pediu-Lhe para antes, ir despedir-se dos seus e desfazer-se de toda sua fortuna… nunca mais voltou.
Embora tais ocorrências tenham se passado num tempo que já vai longe, deixaram ensinamentos perfeitamente cabíveis nos tempos de hoje.
Quantas vezes, somos solicitados para empreender tarefas espirituais relevantes na Seara do Mestre, e deixamos transparecer alegria e contentamento pelo convite feito. Em seguida, porém, nos lembramos de certos compromissos materiais inadiáveis e prioritários, da responsabilidade que isso acarreta, do tempo roubado aos divertimentos e prazeres da vida, da dificuldade de aceitação por parte dos familiares que não nos entendem os propósitos, enfim, de uma série de motivos, todos de ordem material, a bailarem diante de nossos olhos, impedindo-nos de ver os valores imperecíveis e verdadeiros que conquistaremos se seguirmos a Jesus… É uma questão de decisão, de escolha, de atitude.
Encerrando estes apontamentos, deixo a palavra de Joanna de Ângelis:
“Queixas-te dos problemas que te aturdem e os relacionas, ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra para aprender, resgatar, reeducar-te.
Olha ao redor e compreenderás o quanto é urgente que te decidas pelo melhor e duradouro para ti como Ser imortal que és.
Postergando a decisão, quando então a tomar, provavelmente as circunstâncias já não serão as mesmas e a tua situação estará diferente, talvez complicada.
O momento é este.
Deixa-te permear pela presença dEle e, feliz, segue-O.
Com tal atitude os teus problemas mudarão de aparência, perderão o significado afligente, contribuirão para a tua felicidade.
Renascerás dos escombros e voarás no rumo da Grande Luz, superando a noite que te aturde.”
Yvone
Fontes:
”Atitudes” (Página psicog. por Divaldo P. Franco, pelo Espírto Joanna de Ângelis) – Reformador-out/2018.
“Jesus e Atualidade” Divaldo P. Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis – cap. 11