(Haroldo Dutra Dias in O Sermão do Monte – cap. 4)
[…] Pacificador é alguém que carrega a paz consigo e a compartilha no seu entorno; é essencial possuí-la em primeiro lugar. A promoção da paz requer que estejamos em um estado de tranquilidade interior. Estar em paz não se restringe apenas às relações interpessoais, pois estas nem sempre estão sob nosso controle. A verdadeira paz que precisamos cultivar é a paz das nossas emoções, mente e ideias.
Importante […] fazermos menção a um eminente representante da paz – Ghandi – em uma situação muito bela e ao mesmo tempo aterrorizante de sua trajetória na Terra. Em pleno Apartheid, certo dia, caminhava ele enquanto um soldado inglês do outro lado da rua o observava. Gratuitamente, o soldado aproximou-se e lhe desferiu um golpe. Mahatma caiu ao chão, porém, sem expressar qualquer reação física ou verbal à agressão, levantou-se calmamente. Impressionado com aquela força, com aquela presença de espírito, o soldado, sem desistir, voltou a agredi-lo, derrubando-o novamente.
Ghandi mais uma vez ergueu-se. E o soldado, agora incomodado com a própria covardia, com a própria violência, na medida que a paz e a ação pacificadora do Mahatma colocaram em evidência a brutalidade daquela criatura, então, dirigiu-lhe a palavra perguntando quem o havia ensinado a ser covarde. O líder pacifista a seu tempo o fitou e, em seguida, apontando para uma corrente que este levava ao pescoço disse: “Quem me ensinou a ser assim é esse homem que está no crucifixo que você carrega ao pescoço”.
O magnetismo de Ghandi era tão poderoso que “tocou”, sensibilizou o soldado a ponto de o oficial começar a chorar copiosamente, pois naquele momento ele havia percebido que a referência do pacificador empregada por Ghandi era Jesus Cristo, que ele trazia estampado no crucifixo. Ele, um cristão que se dizia religioso, um seguidor do Mestre, agindo de modo que certamente deixaria o Salvador muito decepcionado. E perante aquela situção constrangedora, o soldado passou a ajudar Mahatma.
Salientamos que o planeta Terra caminha em direção a novo formato de Humanidade, na qual não haverá espaço para os violentos, porque a violência não combina com humanidade. A nova Humanidade será composta de seres brandos, respeitosos, pacíficos, pacificadores e misericordiosos.