“Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de 365 ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?” (Emmanuel)
Há que se repensar 2024… 25…
Há que se repensar o modus vivendi num tempo que exige de nós comportamentos diversos dos já adotados até então.
O girar contínuo dos ciclos que se repetem na espiral evolutiva do Ser, proporciona o adestramento da psique para construções mais elevadas, fazendo perecer o homem velho ao tempo em que floresce o homem novo.
O homem velho, cuja característica principal é a desobediência às Leis Divinas, porque optou por se desviar do eixo gravitacional em torno do Criador, começa a compreender que, sendo portador do gérmen Divino, não avançará no progresso se não refizer sua rota, voltando a gravitar em torno da Lei Suprema. Pregava João Batista no deserto: “Endireitai os caminhos” (João, 1: 23). Isso implica repensar; reaver valores perdidos; reconquistar padrões morais que foram se perdendo na noite dos tempos, em nome da licenciosidade que lançou nos abismos profundos do erro, da maldade, dos vícios, da degradação dos costumes, os que a eles se submeteram. Para que alguém se transforme é necessário retificar a estrada em que tem vivido.
Para melhor compreensão do assunto, tomemos a Bíblia como parâmetro. Esse livro sagrado divide-se em duas vertentes: Velho Testamento, a primeira; Novo Testamento, a segunda.
“No Antigo Testamento, todo o relato da Criação (Gênesis) culmina com a criação do homem: Adão. Em hebraico, Adam quer dizer Ser humano; não se trata especificamente de um homem, mas dos Seres terrenos encarnados, o homem na sua dimensão de materialidade.
Ao criá-lo, Deus dotou-o de diversos atributos para exercer a função a que foi destinado, isto é, preencher a Terra com a glória de Deus. Mas Adão (Ser humano) não cumpriu sua atribuição. Não realizou seus potenciais morais, espirituais, volitivos, cognitivos. Não soube discernir entre o bem e o mal. Deixou, desse modo, de refletir Deus, de preencher a Terra com Sua glória. Esse é o grande acontecimento do Velho Testamento”.(1)
Vale lembrar que somos herdeiros de Adão…
Jesus Cristo, protótipo do homem novo, surge como resposta de Deus à desobediência, à desconexão da criatura com o Criador, à falta da realização dos potenciais íntimos, à incapacidade de refletir Deus.
“Cristo vem para criar uma nova Humanidade, porque Ele é o mais puro e o mais perfeito reflexo de Deus para os filhos da Terra. Por isso o apóstolo Paulo diz: ‘Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova’ (II Coríntios, 5:17.” (2)
Na obra Coletânea do Além, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo intitulado O Velho e o Novo Testamento, o nobrre autor espiritual Emmanuel, diz:
“Entre o Velho e o Novo Testamento encontram-se diferenças profundas e singulares, que se revelam, muitas vezes, como fortes contrastes ao espírito observador, ansioso pelas equações imediatas da experiência religiosa.
O Velho Testamento é a revelação da Lei. O Novo é a revelação do Amor. O primeiro consubstancia elevadas experiências dos homens de Deus, que procuravam a visão verdadeira do Pai e de sua Casa de infinitas maravilhas. O segundo representa a mensagem de Deus a todos os que O buscam no caminho do mundo.
Com o primeiro, o homem bateu à porta da morada paternal, perseguido pelas aflições que lhe flagelavam a alma, atribulado com os problemas torturantes da vida.
O segundo (Evangelho) é a porta que se abriu, para que os filhos amorosos fossem recebidos.
Profetas desfaleceram entre os sofrimentos e as perplexidades.
O Novo é a estrela da manhã espiritual, resplandecendo de amor infinito, no céu de uma nova compreensão.
No primeiro, é o esforço humano.
O Evangelho é a resposta divina.
A Bíblia reúne o Trabalho Santificador e a Coroa da Alegria. O profeta é o operário. Jesus é o salário na Revelação Maior. Eis porque, com o Cristo, se estabeleceu o caminho, depois da procura torturante.
E é por esse caminho que a alma do homem se libertará da Babilônia do mal, que sempre lançou o incêndio no mundo, em todos os tempos.
A Bíblia, desse modo, é o divino encontro dos filhos da Terra com o seu Pai. Suas imagens são profundas e sagradas. De suas palavras, nem uma se perderá.
Um dia, no cimo do monte da redenção, os homens entregar-se-ão, de braços abertos, ao seu Salvador e a seu Mestre. Então, nessa hora sublime, resplandecerá, para todas as consciências da Terra, a Palavra de Deus.”
Em síntese, podemos dizer que “o Velho Testamento é um compêndio de profetas transmitindo a mensagem de Deus. O Novo Testamento é Jesus, a mensagem viva de Deus, é o Filho, o representante de Deus na Terra.”(3)
Caro leitor, a Terra, no seu processo evolutivo, encontra-se na transição de Mundo de Expiação e Provas para Mundo de Regeneração, levando em seu movimento giratório ao redor do Sol, todos os Seres que a habitam. Exatamente nessa grande hora do mecanismo cósmico se dará a separação do joio e do trigo (homem velho / homem novo).
Os que ainda se preocupam apenas com aspectos do desenvolvimento material, que buscam Deus para seus interesses imediatistas, representantes do Antigo Testamento, terão destinos diferentes daqueles que buscam pelo Evangelho do Cristo Jesus, de sorte a direcionar suas vidas, atendendo a propósitos de engrandecimento do Espírito.
A reencarnação é oportunidade de renovação e aprimoramento do Espírito. Assim como cada dia traz novas oportunidades, cada existência nos oferece a chance de reajuste. Transformemos o homem velho em homem novo, superando dificuldades, alcançando a vitória sobre nós mesmos “endireitando os caminhos”, repensando valores com projetos de edificação moral, num crescendo, ad aeternum…
Sempre é tempo de recomeçar.
Yvone
Fontes de consulta:
(1) Estudando Gênesis à luz do Espiritismo – vol 2 – Haroldo Dutra – cap. 2
(2) Idem
(3) As Cartas de Paulo – interpretadas e comentadas – vol 1 – Haroldo Dutra – cap.6