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O colar de pérolas

(Hilário Silva, psicografia de Waldo Vieira in A Vida Escreve)

 

─ Avó, ajude-me a fazer o Natal das criancinhas. Acompanhe-me. Levo agora a lista aos amigos… Não me abandone.

Olinda Soares frequentava o Templo Espírita contíguo à sua residência. Responsabilizava-se pelas aulas de moral cristã, e saía para solicitar a cooperação de pessoas abastadas a fim de atender à comemoração natalina. E rogava ao amoroso Espírito de sua vovó, D. Joaquina de Miranda, que a auxiliasse.

Era sábado. À noite, estava de volta, com muitas promessas, mas sem qualquer recurso de substância.

Queixando-se ao marido e aos filhos da dureza que encontrara nos corações, recolheu-se ao repouso.

No dia seguinte, pela manhã, Olinda falava no Templo Espírita a seis dezenas de crianças subnutridas e maltratadas… No momento em que se refere à caridade, entra a pequena Lea, sua filhinha de seis anos, trazendo ao colo precioso colar de pérolas…

Olinda sente um choque. É o colar que pertencera à vovó, fazendeira abastada noutro tempo.

Conservava-o como relíquia, nos guardados mais íntimos.

Interrompe-se e tenta alcançar a menina, agora curiosamente rodeada pelas outras. Lea, ante o olhar materno, enche-se de medo. Corre, pálida. Prende-se, contudo, o lindo colar, ao pega-papéis justaposto à carteira próxima, e as pérolas se espalham pelo chão.

Olinda, desapontada, vai corrigir a filha, mas, ali mesmo, pela sua vidência mediúnica, vislumbra o Espírito de D. Joaquina. É ela mesma. Comove-se e chora.

A entidade aproxima-se e diz:

─ Filha, você não me pediu auxílio para as crianças? Como pôde reter esta joia por tanto tempo, diante de tanta necessidade?

E, sem lista alguma, as pérolas soltas deram às crianças menos felizes, todo um Natal de alegria, roupa numerosa e pão farto…

 

Jovem leitor

Vamos refletir sobre o conteúdo da história deste mês.

Quando chega dezembro, o mês do Natal de Jesus, é muito comum, nas Instituições Religiosas de todas as crenças, arrecadarem roupas, sapatos e brinquedos para formarem pequenas sacolas que serão distribuídas aos pequenos que frequentam a Evangelização Infantojuvenil.

Para isso, os organizadores do evento recorrem à cooperação das pessoas amigas e frequentadoras da Instituição à qual pertencem.

Olinda era uma dessas organizadoras e sabia o quanto era difícil sensibilizar o coração das pessoas em geral. Por essa razão, pediu ajuda espiritual à sua avó que já desencarnara.

Um fato surpreendente, entretanto, interferiu nos planos de Olinda.

Não imaginara que sua filha Lea, de apenas seis anos, traria à escola, o colar de pérolas que fora de D. Joaquina, sua avó, a fim de colaborar na campanha.

Indignada, preparava-se para repreender a menina, quando o Espírito de D. Joaquina se apresenta e é visto por ela, através da mediunidade de vidência.

A avó atendeu ao pedido de Olinda através de sua filha Lea.

Vemos aí, pequeno leitor, que os Espíritos benevolentes tudo fazem para atender um pedido quando a intenção é boa; e para isso utilizam-se de todos os meios possíveis. No caso em questão, a menina Lea foi o instrumento de ação da vovó Joaquina. E ela o fez com propriedade, afinal, o colar lhe pertencera.

Porém, mais do que isso, resta a lição da caridade.

Olinda com certeza aprendeu que se há mérito em movimentar pessoas para o exercício da caridade, participar das doações com recursos próprios será o exemplo maior para os demais.

 

 

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