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Embora a Boa Nova tenha sido apesentada à Humanidade terrena há mais de 2000 anos, o homem tem ainda uma noção deturpada do que seja a Verdade.

Quase sempre ela é identificada naquilo que nos convém, que nos é afim, no que aceitamos com simpatia. Puro engano. Sempre que ela gravitar fora da órbita da Revelação trazida pelo Cristo Jesus, pendendo para nossos interesses pessoais, estará fugindo da realidade.

Inúmeras vezes encontramo-la naquilo que não queremos que seja, que nos desagrada, com que antipatizamos, no que nos abate, humilha.

Tantas vezes os homens a sacrificaram em prol de seus interesses mesquinhos, que acabaram perdendo a noção do seu significado. Não se cansam de criar engenhos e artifícios para sustentar a mentira. Todavia, esse proceder se complica de tal forma, que recurso algum será capaz de sustentar a falsa situação em que se colocam, dando origem às grandes comoções sociais.

Em sua obra “Depois da Morte”, Léon Denis, no Cap. 1, conceitua a Verdade da seguinte forma:

[…] “A Verdade é comparável às gotas de chuva que oscilam na extremidade de um ramo. Enquanto aí ficam suspensas, brilham como puros diamantes aos raios do sol; desde, porém, que tocam o chão, confundem-se com todas as impurezas.

O que nos vem de cima mancha-se ao contato terrestre. Até mesmo ao seio dos templos levou o homem as suas concupiscências e misérias morais. Por isso, em cada religião, o erro, este apanágio da Terra, mistura-se com a Verdade, este bem dos céus”.

Amigo leitor, por estarmos ainda em condições evolutivas de pouca monta, e presos a hábitos e tendências negativas que cultivamos há milênios, difícil se nos torna aceitar e praticar a Verdade na sua total pureza. Necessitamos assimilá-la aos poucos, gradativamente, saboreando cada uma de suas faces, sem saltos, sem pular etapas, num aprendizado contínuo, que pouco a pouco nos descortina horizontes iluminados, perspectivas novas, avanço na estrada do conhecimento e das transformações interiores.

No prefácio da obra “Jesus de Nazaré – uma narrativa da vida e das parábolas”, autoria de Frederico G. Kremer, diz o referido autor:

“Um antigo conto judaico relata que a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e adornos. Todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha e medo e ninguém lhe dava as boas vindas.

Um dia, desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente trajando elegante vestimenta.

─ Verdade, por que você está tão abatida? ─ perguntou a Parábola.

─ Porque devo ser muito fria e antipática ─ respondeu a amargurada Verdade.

─ Que disparate! ─ sorriu a Parábola. ─ Não é por isso que os homens evitam você. Vista alguma das minhas roupas e veja o que acontece.

Então a Verdade colocou lindas vestes e passou a ser bem-vinda”.

Como já dissemos, caro leitor, ‘esse conto, expressando a milenar sabedoria popular, ensina que o homem, na sua imaturidade espiritual não gosta de encarar a Verdade sem adornos. Jesus, profundo conhecedor de nossas fraquezas, falou por parábolas para que as verdades que elas encerram fossem descobertas na medida da evolução humana’.

Aprendamos a não confundir a Verdade com “ponto de vista”. Jesus foi claro ao afirmar que a nossa libertação não acontecerá pelos aspectos da Verdade ou pelas “Verdades provisórias” (relativas) que afirmamos – “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” – Jesus (Mateus, 6:20). Afeiçoar-se a certos ângulos da Verdade, na política, filosofia, ciência, religião, e defendê-la sem análise substancial acaba por transformar a vida numa batalha de palavras que não passam de “pontos de vista”.

Quando começamos a perceber o sentido da vida, começamos a conhecer a Verdade; e o sentido da vida nada mais é do que crescer em serviço e aprimoramento constantes.

Qual a nossa posição diante da Luz que a Verdade representa?

Encerramos estes apontamentos com a reflexão:

“Vivemos um momento da História caracterizado pela fuga da Verdade. Tudo gira em torno de vãs opiniões sem sustentação, porquanto a Verdade exige decisão, dedicação e disciplina.

A Verdade tem sido relegada ao abandono, conferindo-se espaço a que ilusões preencham vazios existenciais derivados das próprias ilusões. A Verdade exige justiça e amor, a ilusão dispensa justiça e amor” ─ (As Cartas de Paulo – Haroldo Dutra, vol 1, cap. 23).

 

Yvone

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