A Criação, em sua incomensurável sabedoria e misericórdia, permitiu que relevante variedade de classes de Espíritos reencarnassem na Terra a fim de terem uma última chance de regeneração[1] antes da Transição Planetária. Todavia, a diversidade dos modos de pensar e agir gerou a sensação de que estamos revivendo o evento da Torre de Babel[2]. O choque de valores somado à intolerância e ao clima de rivalidade tornou a atmosfera do planeta extremamente densa. Com isso, a Humanidade vem experimentando de maneira mais intensa o desafio de manter o equilíbrio enquanto busca o autoaprimoramento.
Compreender genericamente os mecanismos do equilíbrio psíquico e fisiológico é de grande utilidade para que nos sintamos mais aptos à autopreservação em colaboração com o processo evolutivo encarnatório.
Consideremos a estrutura do homem encarnado sob o ponto de vista do Espiritismo: somos Espíritos vivendo momentaneamente em um corpo físico enquanto permanecemos ligados ao mundo espiritual. A conexão entre corpo e alma é feita pelo perispírito.
Esse corpo perispiritual, de natureza fluídica, serve de instrumento de atuação do Espírito no mundo físico. Embora integrado ao corpo material, não se acha encerrado nos limites deste, podendo expandir-se, irradiar-se. Ele transmite para o corpo as sensações do Espírito e para este as percepções físicas daquele. Essa ligação se estabelece no momento da concepção e perdura, ininterruptamente, até o efetivo desenlace, fenômeno que ocorre após a morte.
O corpo material não gera o fluido vital, ou seja, a força geradora da vida. Ele extrai os nutrientes dos quais necessita a partir do meio ambiente ao seu redor. Mas não apenas de alimentos sólidos, líquidos e do ar atmosférico se nutre o homem encarnado; através dos centros de força[3] que estão localizados no perispírito, ele também capta fluidos espirituais extraídos do Espaço e da Terra. Esses centros são verdadeiros acumuladores e distribuidores dessas energias[4].
Uma vez que os centros de força tenham captado tais fluidos, os terminais do sistema nervoso, chamados plexos e gânglios, os recebem no corpo físico que, por sua vez realizará a condução para todo o corpo humano pela via dos feixes de nervos. É dessa maneira que o sistema nervoso é capaz de coordenar todas as atividades orgânicas e de dar conhecimento das sensações e ideias para o Espírito e a partir do Espírito.
Edgard Armond, em sua obra Passes e Radiações, nos explica que a forma como as faculdades psíquicas humanas são afetadas está subordinada em grande parte ao funcionamento dos centros de força que, quando em equilíbrio, são capazes de potencializar os sentidos físicos e espirituais e, também, as faculdades mediúnicas.
Por outro lado, quando sobrecarregamos o nosso organismo físico ou mental, “o primeiro setor do organismo a manifestar irregularidades ou perturbações é o nervoso, porque a atividade psíquica do Espírito solicita em demasia a atividade física do sistema. Este vibra aceleradamente de forma anormal num ritmo que não é seu, esgotando em pouco tempo as suas energias de reserva”.4 Ocorrem, então, descontrole e moléstias graves como, por exemplo, hipertensões arteriais, úlceras, asma, colite, depressão, ansiedade, dentre outras. Note que são doenças comumente diagnosticadas nos dias de hoje, o que indica o elevado percentual de encarnados em desequilíbrio orgânico e psíquico.
A saúde do corpo físico e perispirítico depende da qualidade do tratamento que damos ao corpo material e, também, da nossa vida mental. São exemplos de escolhas nocivas, que sobrecarregam o sistema nervoso: as doenças provocadas por descuido com a própria saúde; manutenção de vícios; submissão à degradação física ou moral; insistência em atitudes cuja consciência reconhece como erradas ou prejudiciais à própria saúde; a prática da intolerância; o cultivo do orgulho e da vaidade, dentre muitos outros.
Seja pelo desequilíbrio provocado por nossas próprias escolhas ou por influências espirituais deletérias, nosso períspirito acaba por ficar impregnado de fluidos viscosos que atraímos por sintonia. O stress a que submetemos o nosso organismo desalinha os centros de força, impedindo que os fluidos vitais auridos do mundo espiritual e da Terra sejam adequadamente distribuídos pelo sistema nervoso e fluam pelos tecidos e órgãos. Esse é um dos motivos pelos quais nos sentimos sem energia, desvitalizados.
Armond nos instrui que o equilíbrio dos centros de força passa pela necessidade de mudança de conduta consigo mesmo, transmutando os sentimentos negativos, vencendo vícios e defeitos pelo domínio das paixões inferiores e pela conquista das virtudes espirituais. Também exige como hábitos a higiene do corpo físico, alimentação adequada, repouso, abstenção de drogas, meditação e passes magnéticos.
Mais especificamente, o passe magnético tem a função de dissolver fluidos deletérios, negatividades e miasmas, equilibrar os centros de força e fornecer e favorecer a penetração dos fluidos finos e luminosos que restabelecem as funções orgânicas. As energias do passe possuem vibrações elevadas e puras que reconfortam estimulam e curam os reflexos das perturbações físicas e morais. Entretanto, ele é apenas um paliativo, pois sempre que retomarmos os antigos vícios e mazelas, voltaremos a nos desequilibrar psíquica e organicamente.
É nossa a responsabilidade pela conservação, harmonia e equilíbrio do próprio corpo. Somente o cuidado com o templo do nosso Espírito, a reforma íntima e a vigília são capazes de transformar permanentemente a qualidade do nosso organismo e psiquismo, trazendo bem-estar em todos os aspectos da vida.
Lila
[1] Entenda melhor o tema acessando a entrevista realizada pela Federação Espírita Brasileira https://www.febnet.org.br/portal/2021/03/09/espiritismo-em-pauta-aborda-o-tema-transicao-planetaria/
[2] A Torre de Babel é mencionada no livro bíblico do Gênesis como uma torre, concebida pelos descendentes de Noé, com a finalidade de tocar os céus. Não apreciando a ousadia humana, conta ainda o livro bíblico que Deus estabeleceu que os trabalhadores daquela torre começassem a falar em idiomas diferentes, de modo a que não pudessem mais se entender.
[3] ARMOND, Edgard. Passes e radiações. Capítulos 1 e 2.
[4] O corpo etéreo é composto de eflúvios vitais, formado por emanações neuropsíquicas do corpo físico, e assegura a ligação entre este e o perispírito do qual, aliás, faz parte, como se fosse um prolongamento. Esse corpo etéreo desintegra-se de 30 a 40 dias após a morte do corpo físico.