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De acordo com relatório encomendado pela ONU[1], ao menos oito em cada dez pessoas no mundo se identificam com algum grupo religioso ou crença. Apesar de acreditarem na existência de um Criador, a maioria não faz da prece um hábito em suas vidas.

De fato, para tornar qualquer atividade uma prática diária, é necessário compreender a sua necessidade e efeitos. Isso também vale para a fé, que precisa ser raciocinada para ganhar robustez e fincar raízes.

É possível que esse desinteresse pela oração se dê pela ignorância do mecanismo das comunicações entre os seres, pelo desconhecimento dos efeitos que a atividade proporciona e, precisamos admitir, pela sensação de se estar “falando com as paredes”, já que não é possível ver o interlocutor e nem ter certeza de estar sendo ouvido. Esperamos que, após ler esse artigo, você perceba o quanto a prece é indispensável.

Antes de tudo, é necessário partir de duas premissas importantes: (1) Quem ora, geralmente direciona a prece a Deus, a Jesus, Maomé, Buda, dentre outros. Entretanto, quem ouve e atua como seus instrumentos são os Espíritos designados para auxiliar a Humanidade. (2) A prece não tem relação com religião. Orar significa elevar-se espiritualmente para ser capaz de se comunicar com o Alto. Como esse contato se dá?

Apesar de nós, encarnados, não sermos ainda capazes de nos entender telepaticamente, conseguimos sentir o “clima” de um ambiente ou a animosidade de alguém que nos fala, mesmo quando as palavras não são agressivas. Isso acontece porque “o pensamento é a primeira estação de abordagem magnética entre nós”[2]. Somos sensíveis às emissões mentais e respondemos na mesma medida, inconscientemente.

Na obra “O Consolador”, psicografada por Chico Xavier, Emmanuel nos explica que todos somos médiuns em alguma medida, pois recebemos constantemente a influência dos Espíritos[3]. Logo, essa comunicação silenciosa pode se dar entre encarnados, desencarnados e entre esses dois grupos.[4]

Na verdade, a comunicação com o mundo espiritual ocorre quase sempre de forma involuntária, bastando que as vibrações das emissões mentais emitidas pelo encarnado estejam em sintonia com as do desencarnado. É o que acontece, por exemplo, com determinado indivíduo que cultiva pensamentos repetitivos de ódio e atrai, por sintonia e afinidade, um Espírito raivoso, que passa a influenciá-lo, obsediando-o. Se atraímos e recebemos influência tão facilmente de Espíritos inferiores, também somos capazes de atrair Espíritos superiores, e esse é o princípio da prece.

A prece é uma comunicação mediúnica premeditada, pois, intencionalmente, elevamos a frequência das nossas vibrações a fim de encontrar sintonia com Espíritos bondosos, com o objetivo de pedir, louvar ou agradecer.

Então, para sermos efetivamente ouvidos por entidades dispostas a auxiliar, é necessário concentrar-se em um motivo ou uma ideia, até que estabeleça em si mesmo um ritmo psíquico cada vez mais ascendente, abrindo o canal com o Alto, por sintonia e afinidade. Todos somos capazes de atingir essa conexão. Basta estar investido do sentimento e da vontade de entregar a mensagem.

Ressaltamos, entretanto, que é necessário saber pedir, pois a prece obedece ao princípio de não ofender uma lei natural. “Ela não pode imunizar o homem contra os efeitos ofensivos e destrutivos das leis que estejam vigorando no mundo material”[5].

Tomemos por exemplo uma mãe que ora para que a filha seja aprovada no exame de vestibular. Considere o número limitado de vagas na Universidade e as outras milhares de mães que também estão orando por seus filhos. Seria justo atender ao pedido da primeira mãe apenas por ela ter orado mais fervorosamente do que as outras?  E se essa jovem não tivesse se aplicado aos estudos tanto quanto os demais candidatos? A Lei de Justiça não pode ser violada!

Então, como pedir corretamente? A mãe deveria orar para que a filha se mantivesse calma e confiante de forma a ser capaz de acessar todo o conhecimento que adquiriu ao longo dos anos de estudo e que respondesse da melhor forma possível às questões da prova. Nesse caso, a Espiritualidade será capaz de auxiliar, podendo atuar na limpeza das negatividades, equilibrando os centros de força, estabilizando o sistema nervoso central e periférico e facilitando o acesso da jovem ao conhecimento previamente adquirido. Todo o restante será mérito dela, que perceberá as suas potencialidades ampliadas e pensará que “está em um bom dia” para ser testada.

Há quem diga que não ora porque não sabe como iniciar o diálogo com o Divino ou porque se distrai durante a atividade. Se para orar é necessário ter um objeto para focar a atenção, então, antes de iniciar a prece, é preciso refletir: pelo que sou grato? A quem desejo o bem?  A quem quero levar auxílio? Depois, é o momento de fechar os olhos e acalmar a mente. Quando nos encontramos no silêncio de nós mesmos, concentrados no propósito do bem, a prece se torna fluida. O hábito da oração facilita a concentração e, com o tempo, a atividade é realizada com facilidade. É necessário insistir.

Quanto ao formato, a oração pode ser simples, recitada mentalmente, não precisa ter palavras complexas e nem ser longa. O importante é ser sincera, justa e realizada com fervor. Há pessoas que oram sem a utilização das palavras; apenas se concentram no desejo intenso de levar o bem a alguém, o que é totalmente válido. Já a prece recitada mecânica e displicentemente é ineficaz porque lhe falta o sentimento espiritual que faz a alma vibrar e, por consequência, se conectar com Espíritos superiores.

Independentemente de fazer um pedido, para aquele que tem a oração como hábito, a prece é como um detonador psíquico que proporciona ao corpo carnal melhores condições de equilíbrio nervoso e harmonia fisiológica. Também harmoniza o campo mental e magnético, melhora o sistema imunológico e facilita o fluxo dos hormônios responsáveis pela edificação celular.

Além disso, purifica a mente intoxicada por “formas-pensamento” e desoprime o sistema cérebro-espinhal. Orar abranda as manifestações animais instintivas, afasta os pensamentos opressivos, dissipa a melancolia, suaviza a angústia e alivia o sofrimento da alma.

A prece retempera as forças espirituais e encoraja a criatura para que seja capaz de enfrentar com mais otimismo as vicissitudes e os sofrimentos próprios da existência terrena, pois mobiliza esse potencial criador da vida que aproxima o homem do ideal da Angelitude.5

Orai, pois!

Lila

[1] The Global Religious Landscape  https://www.pewresearch.org/religion/2012/12/18/global-religious-landscape-exec/

[2] XAVIER,  Chico, pelo Espírito André Luiz. Mecanismos da Mediunidade. Capítulo IV.

[3] Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos muito mais do que imaginamos, pois frequentemente são eles que nos dirigem. Leia mais em “O Livro dos Espíritos”, obra de Alan Kardec, questão 459.

[4] Para melhor compreensão do conceito, sugerimos a leitura do texto “Em Torno da Prece”, contido na obra “Entre a Terra e o Céu”, de autoria do Espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier.

[5] Trechos extraídos do livro “Elucidações do Além”, capítulo “Elucidações sobre a prece”, psicografado por Hercílio Maes e de autoria do Espírito Ramatis.

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