Vivemos uma época em que grandes mudanças ocorrem na vida das criaturas. São impositivos da Lei, porque os tempos são chegados. Ninguém escapará da aferição de valores no processo da separação do joio do trigo.
Em verdade, os mecanismos que realizam as grandes transformações já vêm ocorrendo sem que se perceba com nitidez seus efeitos essenciais. Não ocorrem com alardes assustadiços nem com força bruta, porque é o conteúdo vibracional que cada indivíduo carrega consigo, o responsável por, naturalmente, conduzi-lo junto a seus afins, formando coletividades segundo o grau baixo ou elevado de suas irradiações magnéticas.
O leitor deve ter percebido que não estamos falando aqui das catástrofes naturais e desgraças que ocorrem vez por outra, de grande amplitude, cujos efeitos são devastadores e perfeitamente visíveis; reportamo-nos ao fato de que, sob forma estrondorosa ou menos impactante, os efeitos essenciais, como nos referimos acima, escapam-nos à análise, porque não detemos condições morais e intelectuais para definir, por exemplo, quais criaturas estariam enfeixadas no grupo do joio e quais no do trigo, na mudança de ambiente planetário.
Esse processo seletivo, formando grupos que se assemelham por sintonia, será o grande remanejador das criaturas terrenas a esferas condizentes com suas qualidades morais e espirituais, conquistadas e armazenadas em seus Espíritos no decorrer dos milênios que se escoaram ao longo da vida.
O Espírito, sendo imperecível, tende a sofrer queda ou elevação, mudanças que o impelem para baixo ou para cima, conforme seus impulsos.
Muito já foi ofertado em matéria de conhecimento espiritual aos habitantes terrestres. Desde priscas eras teve o homem acesso aos chamamentos do Alto, que se fizeram sentir através das vozes proféticas ao longo dos evos. Manifestações essas, que ocorreram em todos os quadrantes da Terra, no seio das mais diversas raças e religiões. Eram avisos que soavam como trombetas de alerta, de modo que os homens não se perdessem por caminhos desvirtuados retardando a marcha evolutiva. Sonidos que vinham dos Planos Superiores da Vida, como vêm até hoje, tal qual o pastor que conduz as ovelhas evitando seus desvios.
O Cristo Jesus desceu Ele próprio, dos páramos celestiais, para tomar as rédeas dessa condução, como um farol a nortear caminhos, distribuindo o roteiro seguro do Seu Evangelho. Foi o maior vanguardeiro que a Terra já teve. A todos chamou para junto de Si, alertando que para segui-Lo seria preciso “carregar a cruz” com firmeza e determinação, porque a subida exigia luta, esforço e perseverança.
Após Seu tempo missionário, outros porta-vozes do Cristianismo tomaram posto, em menor grau evolutivo, mas com o propósito de dar continuidade à Boa Nova, de sorte que não faltasse aos homens o alimento do Espírito na luta da transformação. Por essa razão, denominou-se “trombeta viva do Cristo” todo Ser encarnado ou desencarnado que propagasse os ensinos do Mestre. Eis porque deles se espera avisos seguros, orientações corretas. Tarefa essa de significativa relevância espiritual, dado os fins a que almeja atingir.
Todavia, podemos observar que nem sempre assim acontece, pois, constantemente nos deparamos com “trombetas” de sonidos incertos… São os que falam alto e em bom tom o que é preciso fazer, porém não distribuem rotas confiáveis, seguras e precisas.
Num passar de olhos pelas congregações cristãs, será fácil notar que, embora os propagadores da fé detenham um tanto de luz espiritual, muitos desconfiam de si mesmos, oscilando entre o crer e não crer…
Tenhamos em mente que, embora o “som incerto” possa ser útil para o despertamento de muitos, não o será, entretanto, para orientar com segurança, distribuir diretrizes seguras a quem quer que seja.
As notas desafinadas causam ruído, barulho, que embora atinjam os ouvidos, não alcançam o coração e a mente; desvirtuam a melodia cuja beleza e alerta permanecerão ocultos.
Assim, os aprendizes do Evangelho, que somos todos nós, se detemos algum conhecimento, representamos os instrumentos de que o Senhor se serve para a expansão da Boa Nova; mas, não olvidemos o quanto se faz necessário afiná-los pelo diapasão do Cristo Jesus, atentos para que nossas características inferiores não se constituam “nota dissonante” na obra cristã, verdadeira sinfonia de redenção.
O despertar já se faz tardio, mas ainda há tempo para os que verdadeiramente desejam entender e caminhar com o Cristo nessa hora grave que envolve o mundo terrestre. Estejamos, pois, atentos às trombetas e ao som que emitem…
Yvone
Fonte: Vinha de Luz – Emmanuel / F.C. Xavier – cap. 124