Tempos chegados é locução que manifesta a grandeza da Lei. É processo, é ciclo que se renova por força do influxo do progresso, impulsionando o Espírito à própria modificação. E, modificada a essência espiritual, modificam-se as suas manifestações e desejos.
Por conseguinte, alteram-se os cenários que envolvem o Espírito, porque representam as suas ordenações mentais em outra escala irradiatória.
Então o organismo humano, formado pelo todo dos Espíritos encarnados e desencarnados, readapta o orbe às suas necessidades; qualifica seus aparelhos de modo a torná-los mais funcionais ao novo tipo de inteligência predominante, e o que antes era fundamento, cai em desuso.
Quem sintoniza com esse estado de coisas, reagrupa-se e participa ativamente, e quem não se compatibiliza com a onda da mudança é destacado para formar outras fileiras que, mesmo não tão vibrantes em luz e intensidade, também impulsionarão o progresso em outras formas de manifestações, porém em condições muito mais árduas.
O processo não é novo e já ocorreu aqui mesmo, quando os tempos chegaram para dois orbes, um deles primitivo, carecendo do empuxo da inteligência (a Terra), e outro graduando-se para além das expiações e provas (planeta do sistema Capela).
E nesse aspecto é importante observar que o ritmo do progresso, nos mundos menores parece repousar, basicamente, em dois pilares.
Um deles observa o despertamento ou a qualificação consciencial das criaturas que os habitam. Os fundamentos do progresso são eminentemente endógenos, porque originados a partir da fixação e exercício dos aprendizados das mentes.
Nesse pilar o Ser desenvolve a inteligência que o conduz ao senso moral. Atingida a ética, aprimoram-se os costumes no âmbito da Lei, porque os Espíritos encarnados e desencarnados passam a ostentar o dístico entre o certo e o errado. Então o progresso se verticaliza, diminuindo as estações encarnatórias, otimizando os resultados e conquistas dessas experiências.
Mas, nos mundos inferiores, há um outro pilar construído com base na Lei. É eminentemente exógeno, porque advindo do comando de Inteligências cuja função é evitar a paralisia ou a lentidão deliberada e preguiçosa da marcha do progresso. Constatada a anomalia, esses agentes de Deus comandam os acontecimentos conhecidos como cataclismos que, à semelhança dos catalisadores em uma reação química, abreviam o tempo para a obtenção de determinados resultados, movimentando o que se encontra em estado de paralisia. São os degelos, terremotos, tsunamis, as águas caudalosas que arrasam cidades, as moléstias pandêmicas, dentre outros fatores, cuja face mais visível é a da dor, mas que trazem em seu bojo a reflexão e a renovação da paisagem material e mental, sempre objetivando o progresso.
Chegados os tempos de progressão da Terra à posição de mundo regenerado, muito se pergunta se, de fato, os cataclismos avassaladores ocorrerão para aniquilar uma geração inteira ou um número expressivo de encarnados.
Responde A Gênese, cap XVIII, 27, que a Terra não desaparecerá, muito menos por um cataclismo que aniquile uma geração. “Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que se encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.”
É exatamente isso que vemos hoje. Crianças cheias de aptidões e habilidades que nos surpreendem, a ponto de não crermos em sua natureza infantil. Além delas, adolescentes e jovens com uma consciência ético-coletiva que muitos dos mais antigos não adquiriram nem na fase mais madura das suas vidas.
Caberá à nova geração, e não aos cataclismos, os eventos de transformação da atmosfera planetária e sua elevação ao mundo de regeneração.
Mas, obviamente, os contrários às mudanças resistirão, opondo-se ao novo, à modificação de hábitos e costumes, à oxigenação da ética, da estética, da religiosidade e do pensamento, rebelando-se contra os fundamentos basilares da sociedade regenerada.
Mantida a dissintonia desses últimos com a nova ordem, desde que irrenunciável essa posição, serão encaminhados a mundos primitivos, para lá cumprirem papel análogo ao que aqui realizaram os originários do sistema Capela, quando da formação das raças dos grupos conhecidos como árias, hindus, egípcios e hebreus. (Vide A Caminho da Luz, Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, cap. III – As raças adâmicas)
Mas a Gênese esclarece que muitos terrícolas, aparentemente recalcitrantes nos equívocos, têm em seu âmago sentimentos verdadeiros, sendo a sua brutalidade mais superfície do que profundidade.
Nada impede que esses companheiros, com o gérmen dos bons conceitos latentes em si, mesmo que não exteriorizados momentaneamente, permitam a eclosão de sua natureza melhor, credenciando-se a ocupar assento na Terra regenerada.
E o quinto livro da Codificação arremata, como que a tranquilizar a todos nós: “A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação de suas disposições morais.” (Cap. XVIII, 35), o que significa dizer que todos os que possuem desejo real de se reconstruir nas bases evangélicas, poderão exercitá-lo aqui mesmo.
Ainda assim, muitos Espíritos renitentes na ignorância e no mal ficarão na Terra, faceando os Espíritos integrantes da nova geração, até que aqueles que insistirem no antagonismo à nova ordem comporão as últimas levas de exilados para outros orbes.
Desta forma, compreende-se que o processo apocalíptico de transformação da Terra em mundo de regeneração terá dínamo motivador, não em um cataclismo de enormes proporções, que aniquile grande parte da vida, mas sim no embate de ideias entre a geração nova e aqueles que pretendem (pretenderão), manter o planeta em um regime sociocultural e religioso semelhante ao que vigorou ao longo dos séculos XVII e XVIII.
E é nesse sentido que A Gênese (Cap. XVIII, 7), esclarece que: “É, pois, da luta de ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam, são as da Humanidade.”
Se de um lado já se encontra em andamento, no centro da Civilização ocidental, a união da religiosidade distorcida com segmentos socioeconômicos em franca decomposição, lutando para não perderem posições e privilégios, de outro observamos jovens erguendo bandeiras nos campos da ética, do meio ambiente, do respeito às diferenças humanas e do culto ao Deus interno, principiando uma onda irresistível de mudanças.
Os primeiros identificam-se pelo egoísmo, agressividade e indiferença emocional (falta de empatia). Segundo Joanna de Ângelis, por Divaldo Pereira Franco, na obra “Liberta-te do mal, cap. Flagelos destruidores”, inúmeros Espíritos integrantes das tribos bárbaras do passado, que permaneceram retidos na erraticidade para não impedirem o progresso do planeta, retornaram à carne para a derradeira oportunidade, o que nos leva a crer que muitos desses indivíduos integram (integrarão), esse movimento de resistência à geração nova.
Por outro lado, os segundos destacam-se por suas posições gregárias e humanitárias. São as crianças, adolescentes e jovens que não cessam de nos surpreender com suas habilidades e conceitos inusuais. Compõem as gerações conhecidas como X (Millennials), Y, Z, além de outras a serem formadas no futuro próximo, representando a encarnação de Espíritos advindos do sistema de Alcyone (integrante das plêiades), dos planetas Júpiter e Saturno, além de grandes vultos que viveram na Terra nos séculos passados.
São mais adiantados e propensos ao bem, razão pela qual o Espírito do astrônomo François Arago (A Gênese, XVIII, 7), assinalou que “a luta será de ideias”, até porque a agressividade e a violência não constam da natureza da nova geração.
Nem por isso se descarta a ocorrência de fatos tristes e deprimentes ao longo dessa batalha de ideias entre um e outro campo, por força do espírito belicoso dos adversários da regeneração.
Não haverá facilidades nessas décadas que vivemos e viveremos. Entretanto, o fato é que serão tempos de encerramento de mais um ciclo de evolução do planeta, independente da resistência desarrazoada daqueles que recusaram a própria transformação.
Instalada a Terra regenerada, teremos à frente os caminhos pavimentados pelo tempo. Milhares de anos transcorrerão até alcançarmos as paradas relativas aos mundos felizes e celestes, fechando o segmento conhecido de evolução dos orbes e dos Seres e entreabrindo, a todos nós, novos horizontes iluminativos ainda mais extasiantes e absolutamente desconhecidos, porque é da Lei que os Espíritos sejam imortais e que as oportunidades, travestidas de tempo, sejam infinitas.
Cleyton Franco
Síntese incrível dos processos de transição planetária e do que podemos esperar daqui pela frente. Que didática! Muito obrigada!