Temos lido, com bastante preocupação, um dado trazido pela literatura espírita, através de mensagens mediúnicas, de que é alarmante a quantidade de Espíritos retornados à Pátria Espiritual, sem haverem conquistado progresso significativo. Enquanto na vida física, permanecem distantes da realidade espiritual que lhes é própria, preferindo viver na ventura fantasiosa dos prazeres mundanos, em detrimento dos imprescindíveis e inadiáveis esforços para o adiantamento moral que deveriam desenvolver, razão primordial da vida física. Falta-lhes o conhecimento e a fé para compreenderem a informação que nos deu Jesus, ao declarar que a verdadeira vida da criatura, não é a material, mas a espiritual, concreta, vibrante e verdadeira por toda a eternidade.
Em vão esmeram-se os planejadores das encarnações para otimizar o tentame, oferecendo ao encarnante corpos materiais adequadamente providos para as necessidades do programa encarnatório elaborado, e os trabalhadores da assistência fraterna para situá-lo no ambiente de interação, apropriado às exigências dos resgates, reparações e aprendizagem programadas. Permanecem cegos e surdos aos impositivos da Lei de Progresso, conservando-se na condição de “infância espiritual”, arrastando-se penosamente por reencarnações sucessivas, incapazes de compreender a realidade que os aguarda além-túmulo.
Por que isto acontece? – falta-lhes o interesse para saberem as respostas às três perguntas básicas, latentes na consciência de todos os intelectualmente capazes: De onde viemos? Por que existimos? Para onde iremos após a morte? Alguns mais irônicos e incrédulos perguntarão: ─ Quem poderá respondê-las?
Esta questão encontra-se completamente respondida pela Doutrina Espírita, mas, da mesma forma que toda Ciência, ela deverá ser estudada, meditada e pesquisada para ser compreendida e praticada.
Lamentavelmente, o lazer ocupa exagerado percentual do tempo da existência humana. Indiferentes ao conhecimento da realidade de si mesmos os homens não sabem como bem conduzir a própria vida e, ao chegar ao inevitável momento do retorno à Pátria Espiritual, encontram-se desorientados na condição de Espíritos despidos das vestes físicas. decepcionados ante a realidade de que a morte não existe como destruição da vida, sentem-se aflitos e perdidos com a nova situação. Não encontrando o Céu que a mentirosa ficção lhe prometera com todas as suas delícias e privilégios, para cuja conquista nada fizeram, os desencarnados despreparados revoltam-se e, até que novas oportunidades encarnatórias lhes sejam oferecidas, perambulam neste estado em convívio interativo com os encarnados, ou são arrebanhados por falanges de Espíritos inferiores para serem iniciados, conforme suas índoles, nos caminhos do vício e do crime.
Ainda na Espiritualidade, ao se prepararem para o mergulho na carne, promessas de esforço são feitas, as quais, entretanto, ao contato com as vibrações da matéria, são desprezadas e esquecidas. Desconhecida a real finalidade da existência, não conseguem avaliar quanto de prejuízo causam ao próprio porvir, entrando em verdadeira falência encarnatória.
Mauro Paiva Fonseca in Reformador / nov. 2012