Skip to main content

…Os laços entre as almas são como os que existem entre as estrelas. Através dos séculos e dos lugares celestes, subiremos juntos para Deus, o grande foco de amor que atrai todas as criaturas!

 (Léon Denis)

 

O Universo ainda representa para nós um grande enigma. Todavia, percebe-se nele a existência de uma Vontade diretiva e toda poderosa, a ordenar o movimento da vida.

Detenhamo-nos por instantes a observar o Sol poente. Pouco a pouco cede lugar para que a noite estenda sobre nossas cabeças seu manto estrelado, e à medida que a escuridão se torna mais intensa, outras “chamas se acendem como lâmpadas suspensas no santuário divino”. Esses mundos, em sua trajetória, permutam raios prateados entre si que maravilham nossos sentidos, e em linguagem muda provocam-nos a curiosidade para desvendar o segredo das coisas.

O esplendor do brilho difere de um mundo para outro, e nem todos possuem a mesma linguagem, dado que enquanto em alguns vigora a paz e a felicidade, noutros imperam a luta, o sofrimento, a reparação pela dor. São as “moradas” do Pai, cujos raios convidam-nos: “Apressa-te na tua ascensão, pois teus pensamentos, teu apelo, tua interrogação, tua prece a Deus, subiram em minha direção”. Eles representam as etapas de nossa estrada evolutiva.

Nesses mundos, como na Terra, habitam Seres sensíveis, que amam, choram, e nas suas lutas e provas comuns constroem seus laços afetivos, primeiros eflúvios do amor que o Pai quer que todos conheçamos.

Todos esses corpos celestes nos atraem com seus mistérios. Representam a herança que Deus nos reserva.

Subiremos os degraus que a ascensão exige, sem dúvida, e o faremos com o auxílio daqueles que já alcançaram patamares superiores, ensinando-nos a linguagem iluminada do amor. E somente então, os caminhos tortuosos do passado não terão mais sentido, serão dissipados de nossa mente, onde apenas guardaremos a alegria da felicidade colhida na união a outras almas irmãs. Poderemos guardar a dolorosa lembrança dos males partilhados, mas não seremos mais separados dos que amamos, pois “…os laços entre as almas são como os que existem entre as estrelas. Através dos séculos e dos lugares celestes, subiremos juntos para Deus, o grande foco de amor que atrai todas as criaturas!”.

Pois bem, caro leitor, nesta pequena síntese da matéria contida no cap. X da obra “O Grande Enigma” do conceituado autor Léon Denis, pretendemos focar a sublimidade dos laços afetivos imanentes em toda Criação Divina. Força magnética que interliga todas as coisas e seres presentes nos reinos da Natureza.

“Tudo que está em nós está no Universo e tudo que está no Universo está em nós”. Sendo Deus o Criador, certo é que o amor que Ele representa, também se encontra em cada obra de sua Criação, obviamente, suscetível de se desenvolver. Estamos, pois, ligados à imensa teia da vida universal.

Os elos de afeto que unem as criaturas estacionam em vários estágios no desenrolar da sua evolução. Nos corpos simples, como os do reino mineral, por exemplo, são as atrações magnéticas profundas que mantêm as partículas unidas a se expressarem diferentemente em cada reino e em cada mundo, no macro e no microcosmo.

A construção da afetividade demanda milênios, até que se atinja um grau de interação perfeita. É algo que atravessa os séculos nas mais variadas experiências e que, gradativamente, vai formando vínculos de sintonia, estreitando laços de relacionamento familiar e social.

A questão da afinidade é o que poderíamos chamar de “fiel da balança” num relacionamento. É ela que define a dinâmica de energias que se atraem ou se repelem.

Quando vemos duas ou mais criaturas unidas pelos elos do amor e da amizade sincera, imaginamos ser uma união nascida do encontro casual, no tempo de agora, mas a origem dessa construção afetiva se perde na noite dos tempos.

Os sentimentos são legados valiosos que conquistamos no decorrer do curso evolutivo, através das longas reencarnações. Partindo do instinto, o seu aprimoramento se caracteriza nas diversas formas de atração: física, na qual o aspecto externo do outro é o que prepondera; mental, onde o intelecto tem papel relevante; e por fim, espiritual, que ultrapassa os valores imediatistas e proporciona alegria e bem-estar na convivência.(1)

O amor verdadeiro e puro é a força que preside a ordem do Universo. A energia que une tudo a todos. O ideal que eleva e liberta o Ser. O impulso nobre pelo progresso e engrandecimento da Humanidade.(2)

Amigo leitor, encerro estes apontamentos com a bela e conhecida poesia de Olavo Bilac: Ouvir Estrelas:

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Yvone

0

Fontes de consulta:

– “O Grande Enigma” – Léon Denis – cap. X

(1) “Entrega-te a Deus” – Joanna de Ângelis/Divaldo P.Franco – cap.12

(2) Reformador – Ago/2018 – “O Amor do Átomo ao Arcanjo” – Ricardo Di Bernard

Leave a Reply