O Espírito, quando atinge a capacidade de compreender a necessidade que tem de estagiar nos círculos da matéria, para que nessa posição possa evoluir, sabe que ela representa a somatória de todas as suas existências anteriores.
Entendemos portanto, que, no seu dinamismo, a matéria abriga a Entidade Mental (Espírito) que se externa nos mais diferentes tipos, em seu extenso caminho evolutivo.
Essa força coagulada (matéria) se apresenta em vários estados, tais como “sólidos, líquidos, gasosos, fluidos densos e radiantes, energias sutis, raios de variadas espécies”(1) compondo um tecido em cuja trama a consciência se desenvolve, expandindo-se, até que se torne sublimada.
Emmanuel, nobre instrutor espiritual, ao comentar a 2ª carta de Pedro, cap.1, vs.14, conclui dizendo que “o corpo humano é um conjunto de células aglutinadas ou de fluidos terrestres que se reúnem, sob as leis planetárias, oferecendo ao Espírito a santa oportunidade de aprender, valorizar, reformar e engrandecer a vida”.
Por se tratar, a criatura, de um Ser perfectível, isto é, que possui o germe da perfeição em desenvolvimento, distinguimos nesse processo “um gênio divino em aperfeiçoamento”(2), que se expressa como legítimo senhor das potências menores, embora estas, por sua vez, também obedeçam a ordenações superiores.
Tudo se move à volta desse “gênio”, transformando-se, renovando-se constantemente. O turbilhão de energias que o envolvem favorecem suas experiências e promovem sua ascensão.
Interessante notar que, apesar dessa movimentação dos elementos infra-infinitesimais, se desfazendo e refazendo incessantemente, a ordem domina, porque é Deus que assim determina através de seu Pensamento.
Não obstante, a criatura pensante também tem certo poder sobre essas forças miscroscópicas que compõem a sua vestidura carnal. Para tanto, utiliza-se de energia mental (pensamento) que analogicamente é o fermento que “altera, assimila e desassimila a matéria em todas as dimensões”.(3)
A força do pensamento é de tal sorte potente, que se pode dizer: “somos o que decidimos, possuímos o que desejamos, estamos onde preferimos, e encontramos a vitória, a derrota ou a estagnação, conforme imaginamos”.(4)
O leitor poderá questionar, dizendo por exemplo, que não possui o que deseja, ou, não está onde prefere estar. Vale lembrar que aqui estamos num estudo de como atuam as forças criadoras impulsionando o Espírito ao progresso. E que essas forças, obedecendo aos comandos do Divino Escultor do Universo, sofrem também a imperiosa determinação da Lei de Causa e Efeito, como regra geral da evolução, e das escolhas do indivíduo.
Todavia, muito pode a energia pensante da criatura, que, se voltada para os bons princípios das Leis Divinas, opera “milagres”, na sua ânsia de progresso e de elevação espiritual, funcionando como atenuantes da Lei (O amor cobre a multidão de pecados – Pedro). “Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não se exteriorizar de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção”.(5)
No livro “Gênesis”, de Moisés (Velho Testamento), cap.1, vs.3, encontramos:
“E disse Deus: Faça-se a Luz, e a Luz se fez sobre as trevas”. Vemos aí a força do Pensamento divino perante o Cosmo.
Em escala infinitamente menor, é isso que acontece a cada dia de nossa existência terrena ao comandarmos pelos pensamentos, palavras e ações: faça-se o destino. E a vida nos responde com aquilo que desejamos. Isso explica o que apontamos anteriormente sobre a influência do Pensamento Divino sobre o Cosmo e a do homem sobre si mesmo.
Estes apontamentos intencionam mostrar as reações da matéria sob o comando do Criador e do Espírito da criatura. Há uma Lei inexorável (de Deus) que determina ao Ser receber os efeitos de suas criações mentais, uma vez que “os acontecimentos obedecem suas intenções e provocações manifestas ou ocultas”.(6)
Fundamentada nesse princípio, a vida do Espírito, quer na condição de encarnado ou desencarnado está inteiramente atrelada aos pensamentos que alimenta.
Ter consciência disso é fundamental para que vejamos em nós mesmos as causas de nossos sofrimentos e aflições, como também de nossas alegrias e satisfações. Matéria e Espírito, portanto, agem em conjunto na grande transformação que cabe ao Ser realizar, não prescindindo do conhecimento, alicerce das grandes mudanças comportamentais.
Yvone
Fonte de consulta: “Roteiro” – Emmanuel / F.C.Xavier – 4ª edição
- – Roteiro – Emmanuel / F.C.Xavier – cap. 5
- Idem
- Ibidem
- Ibidem
- – Pão Nosso – Emmanuel / F.C.Xavier – cap. 15