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Desencarnes e nascimentos são acontecimentos constantes em nossas vidas. Parentes e amigos retornam à pátria espiritual, enquanto filhos, sobrinhos e afilhados se achegam ao nosso meio segundo o processo da reencarnação.

Alguns constatam que a criança x tem os trejeitos do vovô y que desencarnou há décadas, ensejando a pergunta decorrente dessa constatação: Será que ambos são o mesmo Espírito?

E, como é frequente nesses questionamentos, uma pergunta puxa outra até que se chegue em uma indagação maior: Por quanto tempo permanecemos fora do corpo físico no mundo espiritual?

É claro que qualquer resposta sóbria para essa última questão haverá de sopesar fatores como as condições em que o Espírito viveu, em que termos desencarnou, além de considerar variáveis desconhecidas como o grau de evolução do desencarnado, a natureza dos seus projetos pessoais e coletivos, além de inúmeros outros fatores no âmbito do processo evolutivo dos Seres.

Entretanto, Hernani Guimarães Andrade, na obra Você e a Reencarnação, cap. XVIII (Intermissão entre reencarnações), coletou dados publicados por terapeutas que registraram, em sessões de regressão de memória, elementos capazes de estabelecer parâmetros médios sobre os períodos denominados por ele como “intermissão”, e que para nós pode ser traduzido como tempo entre uma encarnação e outra.

Com base em informações publicadas pelos pesquisadores Dra. Helen Wambach, Dr. Arnall Bloxham, Dr. Ian Stevenson e Dr. Karl Muller, a partir do relato dos pacientes que concordaram em participar dessa coleta de dados, Hernani Guimarães Andrade registrou os números de reencarnações referidos pelos pacientes dos pesquisadores e o tempo decorrido entre elas, obtendo a média de cada período entre uma reencarnação e outra.

A conclusão é que, entre os anos 50 a 80 do século passado, a média geral de períodos em que os encarnados que se submeteram à pesquisa passaram no mundo espiritual, representou algo em torno de 253 anos terrestres ou 4 encarnações a cada 1.000 anos, sendo que essa média aumentou ao se recuar no tempo, em eras mais remotas, e diminui à medida em que as memórias reencarnatórias eram mais recentes.

A coleta desses dados experimentais reunidos por Hernani Guimarães Andrade na obra citada, faz-nos concluir que quanto mais nos qualificamos espiritualmente, passamos, em linhas gerais, menos tempo na espiritualidade e mais tempo encarnados.

Essa constatação vem ao encontro do que foi esclarecido na resposta à questão 223 de O Livro dos Espíritos: A alma reencarna logo depois de se haver separado do corpo? R: “Algumas vezes reencarna imediatamente, porém, de ordinário, só o faz depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre imediata. Sendo aí menos grosseira a matéria corporal, o Espírito, quando encarnado nesses mundos, goza quase que de todas as suas faculdades de Espírito…”.

Isso significa dizer que os Seres dos mundos elevados vivenciam reencarnações mais leves, mais fluidas, com maior desapego material e apreciável grau de consciência sobre si mesmos e o mundo a que se encontram vinculados, pois que mantêm “quase que todas as suas faculdades de Espírito”.

O seu nível de consciência torna desnecessárias as preparações mais alongadas para as reencarnações, porque já não há mais expiações, traumas, culpas e procedimentos visando a adaptação do campo eletromagnético perispiritual, dada a fluidez do futuro corpo físico.

Porém, em linhas gerais, não é essa a realidade que predomina na Terra, um mundo ainda grosseiro sob os aspectos moral e material. Aqui, os intervalos mais ou menos longos entre uma encarnação e outra são a regra para a grande maioria de nós, visando o ajuste do nosso campo perispiritual, realinhamento das nossas energias psíquicas e preparação para um novo período na carne, preparação essa que se inicia, invariavelmente, logo após cada desencarne, cumprindo as diretrizes de evolução contínua e ininterrupta que integram a Lei de Deus.

Mas é importante sublinhar que existem exceções no âmbito das regras, e que essas exceções avolumam-se em períodos como esse que nos encontramos, sabido que o nosso planeta passa por um processo de modificação da sua atmosfera espiritual, transitando da ordem de Mundo de Expiações e Provas (em que o mal sobrepuja o bem), para Mundo de Regeneração (onde o bem supera o mal, conquanto esse último ainda exista).

Nesses momentos cruciais que vivemos, os Espíritos responsáveis pelo planejamento e execução das reencarnações vêm adotando ações emergenciais, visando propiciar novas oportunidades aos desencarnados que se encontram no mundo espiritual e reúnem algum potencial para permanecerem na Terra, consideradas as suas propensões morais para o bem, na luta com as sombras do mal que ainda lhes marca o íntimo.

Mesmo sendo criaturas densas em sua constituição perispiritual, decorrência do seu estágio moral pouco avançado, esses desencarnados são convidados ao reingresso na carne com o objetivo de se vencerem no caminho da evolução, mesmo que minimamente.

Muitos deles desencarnaram há poucas décadas, outros há poucos anos, mas as circunstâncias excepcionais exigem que eles retornem à Terra em aproveitamento da oportunidade, provavelmente a última que lhes conferirá, ou não, a permanência neste planeta.

Para eles, não há espaço para a tomada de consciência gradual, para as deliberações que emanam do fundo do juízo crítico, para o refazimento elaborado e pleno das moléculas perispirituais ou para algum deleite no mundo invisível. Os tempos são chegados e todas as nesgas de luzes que deles emanem hão de ser oportunizadas, mesmo que a “toque de caixa”.

Porém, as equipes espirituais responsáveis pela preparação do retorno à carne desses irmãos não dispensam o zelo, o critério, o método e sobretudo o carinho de que eles necessitam para o novo desafio a que se submeterão e, excetuando-se o regime de urgência reencarnatória, os demais procedimentos são, em linhas gerais, os mesmos aplicados a todos os Espíritos alistados para o reencarne.

Orientados por esses irmãos mais adiantados no caminho do bem, os Espíritos candidatos à reencarnação escolherão os caminhos e provas que haverão de trilhar e experimentar, presentes as condições de consciência para tanto, pois que a escolha das provas é atributo de quem alcançou um certo amadurecimento espiritual. (O Livro dos Espíritos, questão 258)

Caso, porém, ainda se revelem inaptos ou imaturos para as escolhas relativas ao próprio porvir, e isto há de ser muito excepcional, os Espíritos amigos lhes suprirão a vontade, realizando as escolhas que lhes serão mais propícias para o triunfo na carne. (O Livro dos Espíritos, questão 262)

Estabelecidas e aceitas as diretrizes em que deverão pautar a sua futura existência na carne, os candidatos à reencarnação passarão por um processo de perda da consciência sobre si próprios, esquecendo-se do passado e submetendo-se à sonoterapia.

André Luiz, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, relata nas obras Missionários da Luz (cap. 13); Entre a Terra e o Céu (cap. 29) e Evolução em Dois Mundos (cap. XIX), que os reencarnantes menos evoluídos, após a imersão no sono (1), passam por um processo de restringimento ou redução volumétrica do períspirito, por força da diminuição dos espaços intermoleculares do corpo sutil.

Com essa operação diminuem de tamanho até que se façam capazes de ligarem-se aos respectivos zigotos (célula resultante da união dos gametas masculino e feminino), a partir da qual iniciarão o desenvolvimento dos corpos físicos que lhes servirão de vestimentas.

Esses Espíritos, quando na fase adulta das suas respectivas encarnações, viverão em uma Terra diferente da que vemos nos dias atuais, pois contarão com o apoio de milhões de Seres vindos dos mundos superiores para auxiliar a transição da Terra, além de outros tantos originários daqui mesmo, todos eles envoltos nas luzes decorrentes do discernimento moral e do apuro espiritual.

Terão a sua reencarnação facilitada pela gama de exemplos positivos e diretrizes construtivas que vivenciarão em contato com as diversas instituições da sociedade terrícola, restaurada em seus padrões éticos e em seus valores cristãos, porque dirigida por esses “astronautas do além” e pelos luminares da própria Terra, sendo certo que, nos dias de hoje, alguns desses Espíritos qualificados já se encontram nas funções a partir das quais lançarão as sementes da renovação.

Por isso, sejam abençoados os reencarnantes da emergência em seu tentame de evolução, porque poderão contar com as ações pedagógicas no cumprimento dos seus objetivos de evolução.

E nós, de nosso lado, sejamos igualmente abençoados porque nada nos garante que, ao desencarnarmos, não receberemos a visita dos Espíritos amigos, informando-nos sobre a necessidade de cumprirmos uma reencarnação “a toque de caixa”.

 

Cleyton Franco

 

(1) – Na obra Evolução em Dois Mundos (cap. XIX), André Luiz esclarece que os Espíritos mais qualificados não ingressam no “modo sono” por ocasião do processo de redução do períspirito. Ao contrário, mantêm-se despertos auxiliando nas operações de restringimento do próprio corpo espiritual.

 

 

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