Os evangelistas Mateus (5:1 a 48) e Lucas (6:17 a 49), relatam com magnífica precisão o poema de amor cantado pelo sublime rabi de Nazaré, ao final de uma tarde, quando o Sol, entre os picos mais elevados, pulverizava as nuvens de púrpura e ouro.
A figura do Mestre, nesse cenário da Natueza, resplandecia confundindo o próprio Sol.
O canto atravessou os séculos e a História batizou-o com o sugestivo nome de “Sermão da Montanha”.
A montanha onde o fato se deu, apresentava aclive suave e terminava em largo planalto onde se espalhavam árvores de pequeno porte, mas que cumpriam sua função de proporcionar sombra amiga.
Esse o local escolhido.
Os ensinamentos vertidos por aquele Ser Majestoso necessitavam de uma referência física que sensibilizasse os corações das gerações futuras, para que associassem as palavras e ditos proferidos, à luz e lugar, emoldurando assim, a canção de sabedoria, amor e estímulo.
Observemos a simbologia profunda que a montanha representa em toda sua grandeza: o Cristo Jesus que “desce” à Terra vencendo os óbices desse mergulho em direção ao abismo e o Cristo Jesus que “sobe”, carregando consigo os homens, através de ladeiras íngremes repletas de urzes e pedras, até o encontro com Deus.
Na paisagem espiritual a montanha se destaca com a soberania que lhe é própria, como propulsora à escalada espiritual do Ser.
Galgá-la é imperioso para aquele que se decidiu por vencer as barreiras que impedem seu avanço na jornada evolutiva. Requer espírito de luta e caraceriza-se por persistência e vontade firmes, nessa batalha interior.
Não menos importante será descer o monte. Deixar os cimos aureolados pela luz dos astros fulgentes, moradas dos Espíritos nobres, que descortinam benesses infinitas, significa esquecer, ignorar as dores e sofrimentos da subida e alongar as mãos e coração em direção dos que se recolhem na retaguarda.
Se difícil é a subida, tanto, ou mais, será a descida, porque se reveste de aspereza o intento de descer aos homens para erguê-los a Deus.
Imiscuir-se no coletivo, na multidão onde se encontram Espíritos perdidos nos labirintos escuros das necessidades aparentes, direcionando-os e incentivando-os de modo que subam até o planalto onde o Sol brilha permanentemente, é empreitada árdua e de resultado a longo prazo.
Essa a tarefa. Descer sem decair. Esquecer a si próprio e chegar até os que se debatem em questões menores com total desconcerto emocional. Dar-se integralmente, sendo comum a todos mas a nenhum igual. Enfim, subir sem abandonar os que gemem no vale e descer sem esquecer a luz que resplandece no Alto.
A montanha escolhida pelo Mestre não se diferenciava das outras que a circundavam, mas a música que o Cantor Divino ali interpretou, jamais fora ouvida…
Leitor amigo, atente para um detalhe: referimo-nos no início destes apontamentos, a dois evangelistas, Mateus e Lucas a narrarem o mesmo fato. Observe, porém, que o fazem de maneira diferente. Mateus diz: “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte” e Lucas informa: “E descendo com eles (apóstolos), parou num lugar plano…” A assertiva de Lucas faz menção à descida do Mestre e seus apóstolos, do monte onde haviam passado a noite.
Em verdade, “subir” ou “descer” não importa. Relevante, porém, é que no platô do aclive Ele se deteve e, de pé… vestiu-se de poente. O espetáculo do pôr do sol deu-lhe às vestes e aos cabelos agitados pela brisa, o tom dourado a emitir cintilações que jamais seriam olvidadas.
A multidão de homens, mulheres e crianças, guardariam no cérebro e no coração, a Divina Canção, o Poema divisor das realidades diferentes.
Naquele instante a Carta Magna fora apresentada e as Boas Novas foram cantadas aos ouvidos dos séculos…
2020! Vinte e um séculos não diluíram o poder oculto do Sermão da Montanha, Sinfonia Divina no caminho da redenção humana. O alfa e o ômega da doutrina de Jesus.
À nossa frente, a “montanha”, propiciando a subida aos corações aflitos… aos que têm fome e sede de justiça… aos misericordiosos… aos pacificadores… aos que sofrem perseguições… aos que…
E entrementes, a “descida” do Mensageiro de Luz, para acalentar e aliviar as dores imensas da multidão, que somos todos nós…
Silenciemos! Meditemos! Transformemos!
Subamos, para poder descer…
Que a descida do Cristo Jesus à Terra seja roteiro seguro para a nossa subida.
A equipe do ICP deseja a todos um Natal cercado de paz, aquela que Jesus nos deixou…
Yvone
Fonte de consulta
Primícias do Reino – Amélia Rodrigues (Espírito) – Divaldo P.Franco – cap.3