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Estamos vivendo o crepúsculo de um tempo que se finda para abrir espaço à alvorada de novos milênios.

Frente a essa contingência, aquele cujo raciocínio se encontra apto para o despertar da nova realidade, questiona a si mesmo sobre quem é, de onde veio e a qual estação será conduzido.

Percebe à sua volta a ruína dos mentirosos deuses de pedra a quem reverenciou e, embora cansado, de alma sofrida, o anseio por uma vida superior agita-o por dentro, no imo da alma, como se fosse brasa viva coberta pelas cinzas do desencanto.

Essa inquietação interna o faz recorrer ao conhecimento, à sabedoria, à busca de algo que o conforte e esclareça suas dúvidas e incertezas.

Chegado a esse ponto de insatisfação, e movido pelo desejo de entender a vida, reconhece quão estreito é o círculo (globo terestre) em que vivencia suas experiências.

 

Analisa o mundo em que respira e “descobre que o Sol, sustentáculo de sua apagada residência planetária, tem um volume de 300 000 vezes maior que o dela.

Aprende que a Lua, insignificante satélite do seu domicílio, dista mais de 380 000 quilômetros do mundo que lhe serve de berço.

Os Planetas vizinhos evolucionam muito longe, no espaço imenso.

Dentre eles destaca-se Marte, distante de nós cerca de 56 000 000 de quilômetros na época de sua maior aproximação.

Alongando as perquirições, além do nosso Sol, analisa outros centros de vida.

Sírius ofusca-lhe a grandeza.

Pólux, a imponente estrela dos Gêmeos, eclipsa-o em majestade.

Capela é 5 800 vezes maior.

Antares apresenta volume superior.

Canópus tem um brilho oitenta vezes superior ao do Sol.” (1)

Esse primeiro despertar o deixa deslumbrado perante o esplendor do Universo.

Toma ciência de que a vida é patrimônio tanto da gota d’água quanto dos imensuráveis sistemas siderais.

E o homem que busca respostas para o conhecimento de si mesmo, retornando de seu “passeio” sideral, conclama o Amor para que corresponda à soberania cósmica, no mesmo patamar de grandeza.

Todavia, o Amor, no ambiente em que ele (o homem) vive, encontra-se ao nível da planta que ensaia o desabrochar para a vida. E, num processo introspectivo, o Ser analisa a si mesmo: inserido na família consanguínea a que se enquadra, sofre a inquietação do ciúme ao ver seu irmão mais velho ou mais novo, ser o centro das atenções dos pais; padece os efeitos da cobiça, quando seu parente próximo lhe fala a respeito dos bens materiais que possui, ou da felicidade que desfruta ao lado da companheira; é atacado pelo egoísmo, quando se trata de repartir com os familiares, relevantes quantias monetárias; exaspera-se com a dor, quando se vê prostrado a uma cama, padecendo as injunções da moléstia insidiosa. Descobre que tem dificuldade de dar algo sem nada receber em troca. Também não consegue ajudar sem antes desfiar um rosário de reclamações. Costuma ser exigente para com os outros, e não entende porque recolhe dos outros o choque da incompreensão e da discórdia, perdendo assim, a possibilidade de ajudar e ajudar-se.

Vislumbrou, na sua incursão ao Universo a presença magnificente de Deus, e sente dentro de si a mesma pobreza da Terra em relação a outros astros siderais.

Embora a cognição lhe tenha inflamado o cérebro de glórias, seu coração permanece ainda, invadido pelas sombras. O Alto o deslumbra, mas, vê-se preso às misérias de baixo.

Na ânsia de modificar a paisagem que o envolve e que o prende ao chão, esforça-se por comunicar aos que lhe cercam os passos, aquilo que aprendeu, mas… que ouvidos o querem ouvir?

Descobre, então, que o Amor, na Terra, assemelha-se a um oásis inalcansável ao viajor sedento, que o distingue apenas em miragem…

Suas descobertas sobre a grandeza da Criação o tornam um Ser diferente dos demais. Não se coaduna mais com os pensamentos e hábitos dos amigos e familiares e passa a viver uma vida de isolamento; um peregrino sem pátria e sem lar, um simples grão de poeira na imensidão do Cosmo.

Mas, caro leitor, é na alma desse homem que a Sinfonia Celestial faz vibrar os acordes, não obstante as aflições das quais padece; e é sobre ele que as Nobres Inteligências, o Mundo Espiritual Superior, estão construindo os alicerces espirituais da nova Humanidade.

Estamos prestes a sair do crepúsculo e entrarmos no alvorecer da Nova Era.

Quando todos os nossos interesses convergirem para essa estação de Luz e Amor, daremos o grande salto, e então, nosso pranto de felicidade regará as plantas do Amor que tanto almejamos para nossas vidas.

 

Yvone

 

Fonte de consulta: “Roteiro” – Emmanuel / F.C.X – cap. 1.

(1) Idem.

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