Existem drogas estimulantes, depressoras e alucinógenas, cada qual responsável por determinados tipos de reações no cérebro e causam dependência física e psíquica. O usuário começa com doses discretas que, se não contidas desde logo, em pouco tempo o tornará um viciado, tal a rapidez com que altera todo o sistema orgânico. Seu consumo afeta o perispírito porque elas atuam no sistema nervoso, ao qual os tecidos espirituais estão mais fortemente acoplados, causando desarmonia no campo vibratório, que é o responsável pela desorganização dos comandos da consciência “…arrojando o viciado nos lôbregos alçapões da loucura que os absorve, desarticulando os centros do equilíbrio, da saúde, da vontade, sem possibilidade reversiva, pela dependência que o próprio organismo físico e mental passa a sofrer, irresistivelmente…” [i]
Recordam-se ensinamentos do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes: “…o corpo humano é apenas um aparelho delicado, cujas baterias e sistemas condutores de vida são dirigidos pelas forças do perispírito, e este, por sua vez, comandado será pela vontade, isto é, a consciência, a mente”; e que o perispírito “…é corpo vivo, passível não só de adoecer se a mente enferma…”[ii] para concluir quão intensos são os efeitos das drogas em ambos os instrumentos de manifestação do Espírito.
Encontrando-se o usuário enredado nessas zonas sombrias, no mesmo padrão transitam aqueles que com ele se envolvem no fornecimento e no estímulo à viciação. Todos eles comprometidos com entidades espirituais igualmente toxicômanas, por conta da sintonia. Mas também pode haver a incidência mental de Espíritos opressores credenciados pelo ódio despertado em relacionamentos do passado, que agem obstinadamente no processo de cobrança e se comprazem com a decadência do desafeto.
Muitas são as causas que levam o indivíduo a se envolver com drogas, e isso independe de padrão social, credo, sexualidade. Pode resultar de um mero inconformismo com a realidade da vida, ansiedade descontrolada, fragilidade diante de alguma dor moral presente ou herdada de si mesmo. Os especialistas apontam causas concorrentes como o hábito dos pais de se servirem de medicamentos para se acalmarem, ao mesmo tempo em que oferecem aos filhos exemplos negativos de resistência para enfrentarem desafios e problemas; uso de bebidas alcoólicas e o tabagismo, induzindo os filhos a conceberem que a boa distração e recreação estão associadas à intoxicação; a anemia ética em voga, patrona da vontade enfraquecida; as pressões familiares, profissionais e existenciais; e os incentivos comerciais, que instigam a sedução das imitações irrefletidas.[iii]
Viciados de outra encarnação trazem a predisposição na genética espiritual para ser filtrada no organismo mais denso, mas nem sempre logram sucesso porque elementos externos associados à sua condição psíquica falam mais alto e os levam à reincidência. Nestes casos, as circunstâncias direcionam o Espírito reencarnante para experiências oligofrênicas, isto é, quando se veem compelidos à fraqueza mental, que vai desde a debilidade à idiotia, como se dá na microcefalia e em outras deformidades, de tal arte a se verem preservados contra o próprio impulso e a filtrarem na nova roupagem física as impurezas gravadas no corpo etéreo, que sob esse processo depurador deixam de as acumular. Esta é uma das graças da Providência Divina no resgate das almas, que o Ser Humano nem sempre entende, porque tem olhos limitados às contingências físicas e passageiras. Em seu auxílio estão os Espíritos intercessores, amigos encarnados ou desencarnados, que atuam incansavelmente nesse processo, fortalecendo tanto o assistido quanto os familiares envolvidos para vencerem essa penosa prova.
O processo de cura definitiva, em todos os casos, não é fácil. Exige dos lúcidos muita determinação, disciplina e paciência, até que a mente se reeduque e a memória celular do perispírito se recomponha. Enquanto isso não ocorrer, haverá risco de recaídas, como se dá em todos os hábitos nocivos e não só com relação ao vício bioquímico, porque irremediavelmente ligados ao psiquismo. O tratamento espiritual muito auxilia porque fortalece o assistido e orienta as entidades a ele acopladas pela sintonia, viabilizando a libertação, mas não dispensa o acompanhamento médico. Por fim, através do estudo da Doutrina Espírita ele se reconhecerá um Ser imortal a caminho da evolução, merecedor de esforços de toda ordem – especialmente dele mesmo – para resgatar-se visando a regeneração.04
Marcus Vinicius
[i] APÓS A TEMPESTADE – Divaldo Franco – Esp. Joanna de Ângelis, Editora Leal, 1985, Cap. 8, pág. 51.
[ii] RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE – Yvone A. Pereira – FEB 4ª edição, págs. 255 e 256
[iii] REFORMADOR n. 2.291 – pág. 7