Vivemos momentos de turbulência. O choque de paixões e opiniões convulsionam as bases frágeis da falta de estudo e preparo. Ideias vãs pululam nas mentes corrompidas pelos corações vazios. Faltam ciência e consciência doutrinárias. O fermento dos fariseus continua a enganar e desviar a atenção dos incautos.
Cultores de práticas estranhas buscam, inebriados, situações indigestas que, à guisa de pseudorevelação, confundem o raciocínio e turvam o sentimento.
Ignoram que as diretrizes para o trabalho dentro do Movimento Espírita primam por “desenvolver todas as atividades espíritas com base nas obras básicas de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita, assegurando a unidade desses princípios em todos os trabalhos realizados e difundidos como atividades espíritas”.
Há uma ânsia insana por “inovar/atualizar” o que ainda não foi compreendido e assimilado: os postulados kardequianos que asseguram a visão libertadora da Doutrina dos Espíritos.
A espiritualidade, tão necessária ao despertar das almas adormecidas na ilusão material, está subjugada por falsos valores.
O niilismo invade com galhardia o campo onde as sementes do bem são substituídas por semeadura leviana e oportunista.
A fórmula ancestral para a transformação interior, que indica o meio prático e mais eficaz para resistir ao arrastamento do mal, foi escamoteada, sem dó nem piedade.
O autoconhecimento anda travestido de autoajuda: o fermento ilusório mascara as necessidades da transformação interior. Exercitar o “conhece-te a ti mesmo” requer mais do que citações mágicas de puro mentalismo. Requer maturidade do senso moral, exige um certo grau de sensibilidade, que independe da idade e do grau de instrução porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encarnado.
Atualíssima a advertência de Jesus aos apóstolos iniciantes: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus” (Lucas, 12:1). As falsas doutrinas, que geravam a hipocrisia e desviavam a percepção para as falsas interpretações, estão hoje fortalecidas pelas retóricas mundanas que ignoram a renovação espiritual e sedimentam as práticas exteriores.
A clareza da doutrina Espírita não comporta alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. Esta clareza é sua própria essência, é força que fala direto à inteligência a ao coração.
A simplicidade do Espiritismo, o Cristianismo Redivivo, está ameaçada pelos abusos das paixões más.
Cautela! Os laços da matéria estão falando mais alto e levando-nos a agir como espíritas imperfeitos, aqueles que recuaram ante a obrigação da transformação interior, não conseguindo romper com os duvidosos gostos e hábitos milenares, permanecendo jungidos às ilusões passageiras.
Para estes é mais fácil repetir comportamentos atávicos de rasa intelectualidade, rebuscar “filosofias” por meio de falaciosas cátedras douradas que incensam o ego e amordaçam a essência.
Ante a insanidade e a ignorância que campeiam, vale refletir: “Espíritas, acautelai-vos contra o materialismo – o fermento dos fariseus”.
Elzita Melo Quinta e Elzi Nascimento – Reformador- jan/2019