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O “sentimento de Deus” é intrínseco ao Ser Humano. Há registros de que a Humanidade já acreditava em Divindades há cerca de 60 mil anos, quando o Homem era completamente selvagem, desprovido de educação e o instinto o dominava.

A plena conquista do raciocínio fez do Criador a explicação para o inexplicável. Há três milênios, Moisés o retratou como um Pai exigente e bravio. Mil anos depois, Jesus revelou Sua bondade e justiça. A despeito da forma como é percebido, é certo que os corações humanos são capazes de reconhecer as Leis do Eterno através da própria consciência, aquela que concede o sono dos justos aos que zelam pelo bem, e que atormenta os que vivem em erro. Isso por que a centelha divina habita em todas as criaturas; é guia invisível, mas onipresente.

Ainda que cada Ser terrestre seja imperfeito em si, é perfeito na concepção do todo, na medida em que suas vidas se entrelaçam e se ajudam mutuamente, complementando no outro aquilo que têm de melhor e recebendo o que lhes falta. São interdependentes; nada se constrói sem mútua colaboração de todos, desde o menor e mais simples organismo até o mais elaborado, o Homem.

Temos um propósito perante o próximo. Devemos atender aos ideais de fraternidade exemplificados pelo Cristo e estender as mãos em assistência a qualquer que nos cruze o caminho, sem julgamento. No entanto, mesmo sendo a única espécie contemplada com a faculdade da inteligência, ainda não somos capazes de tamanha doação.

Um exemplo das limitações que enfrentamos ficou latente nas divergências que marcaram o ano de 2018, em nosso país. Opiniões extremas e polarizadas deram o tom das eleições que, embora não tenham sido a causa, exibiram as mazelas enraizadas nos corações brasileiros. O evento apenas exacerbou a intolerância que há anos vem crescendo. Nos últimos meses, a defesa de posições pessoais expressas de forma mais intensa adentrou as esferas social e familiar ocasionando o rompimento de amizades de longa data e trazendo a discórdia aos lares.

Com alguma frequência, ao conversarmos, ficamos surpresos com as limitações de quem nos cerca. Argumentamos. Não nos sentimos ouvidos. Às vezes até nos aborrecemos. Cabe a reflexão: se nos desestabilizamos emocionalmente, será que desejamos mesmo dialogar? Que diferença faz se não há consenso? Não seria arrogância acreditar-se dono da razão? Imposição de opinião é tirania. É a intolerância se revelando a partir do manto da vaidade. Fechamos os olhos para o básico, não respeitamos nossos irmãos.

Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas (Mateus 7:12)

Respeitar é se esforçar para compreender o outro; é refletir antes de falar; é aceitar as limitações do próximo; é reconhecer as fronteiras do relacionamento. Respeitar é, na maior parte das vezes, abster-se. Abstemo-nos ao frearmos a nossa língua, ao controlarmos a expressão corporal e facial, e ao renunciarmos ao ego em prol do sentimento alheio.

Quando falamos com alguém que não tem intenção de ouvir, mas tão somente discursar, o silêncio é a resposta adequada. Somente a ausência de palavras poderá fazer o outro perceber que não se trata de uma disputa, mas da troca de ideias, onde não é necessário que um convença o outro.

Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém (Paulo 6:12)

Respeitar é acreditar que sempre temos algo a aprender, seja através de novas informações, da observação do caráter e das atitudes de quem nos fala, ou ainda, pelo simples compartilhamento do momento. Na ausência da aquisição de conhecimento, lembremo-nos de que a doação do tempo constitui caridade.

Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado. (Mateus, 14 : 1, 7-11)

O respeito exige que desejemos o bem do próximo. Essa virtude não deriva da mente, mas da nossa essência, do que somos de fato e do que desejamos para o mundo. Ela está latente na Lei que repousa em nosso íntimo e seu despertar só depende de nós.

Jesus combateu a intolerância e o preconceito sem violência, sem imposição. Ele sabia que a escolha por segui-Lo era faculdade individual. Impor o próprio conhecimento não produz luz, mas resistência. A luz só é criada quando o amor está presente. Tratar o próximo como inferior nos rebaixa. Nos elevamos quando nossas atitudes refletem a humildade que nos guia. A fortuna, a aparência, o diploma, nada disso nos faz melhores aos olhos do Pai, mas tão somente o continuar da Sua obra de justiça e caridade. Amar é respeitar os direitos daqueles que caminham conosco.

Que a fraternidade que Jesus demonstrou pelos Homens nos inspire no tratamento dos nossos irmãos, e que possamos encerrar o ano de 2018 aproximando corações pelo perdão.

Feliz Natal!

Lila

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