Os médiuns não devem esquecer que, com raras exceções, são Espíritos endividados que pedem a Deus lhes dê a oportunidade de reparar débitos do passado, de preferência através do trabalho desinteressado em favor do próximo, por meio da vivência do amor. E o Criador atende, concedendo-lhes o dom da mediunidade. Com isso são acolhidos na Seara do Mestre Jesus na condição de trabalhadores.
Sem dúvida há médiuns que não estão nessa condição, mas na de missionários.
Esses, entretanto, como nos informa André Luiz, são raros na Terra e são pessoas dotadas de qualidades que as distinguem do homem comum.
Os missionários correm menores riscos de falir em suas missões. Já os trabalhadores, devido às imperfeições que ainda têm, são muito mais vulneráveis às quedas.
Dentre as pessoas que cercam os médiuns, muitas se entusiasmam com as suas faculdades mediúnicas e passam a encará-los como missionários, atribuindo-lhes méritos que ainda não têm. Confundem o médium com o homem.
Algumas delas ficam fascinadas pelos fenômenos que se produzem através da mediunidade, ignorando que os verdadeiros autores das ideias ou das ações curativas são os Espíritos Superiores que agem em nome de Deus. Assim, passam a elogiá-los, endeusá-los, idolatrá-los.
Os Espíritos adversários da Doutrina Espírita utilizam essas pessoas invigilantes e despreparadas para o verdadeiro apostolado de Jesus a fim de exaltarem o ego do médium. Têm por objetivo transformá-lo em ídolo para derrubá-lo depois.
O médium vigilante, ciente de que não está isento da vaidade, procura estudar atentamente suas reações mais íntimas. Interroga sua consciência para saber se está ou não acreditando nesses elogios; se está ou não alimentando no íntimo o espírito de grandeza, a vaidade; se está ou não desejando receber homenagens e gostando de ser idolatrado…
Sobre a idolatria observa Emmanuel:
“Os ‘primeiros lugares’, que o Mestre nos recomendou evitemos, representam ídolos igualmente. Não consagrar, portanto, as coisas da vida e da alma ao culto do imediatismo terrestre, é escapar da grosseira posição adorativa.” (Caminho, Verdade e Vida.)
Com relação a homenagens, asseverou Emmanuel:
“As homenagens inoportunas costumam perverter os médiuns dedicados e inexperientes, além de criarem certa atmosfera de incompreensão que impede a exteriorização espontânea dos verdadeiros amigos do bem, no plano espiritual.” (Pão Nosso)
Foi para os trabalhadores da seara que Jesus dirigiu as palavras “Brilhe a vossa luz, para que os homens vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está no céu.”
Agem com sabedoria os médiuns que evitam a exaltação própria, bem como as homenagens a eles propostas por homens ou instituições. É melhor dispensá-las com humildade, reconhecendo que as glórias devem ser remetidas a Deus.
Poder-se-ia pensar que nossas considerações representem críticas a alguns expoentes do Movimento Espírita que receberam títulos honoríficos. Eles são obreiros fiéis, que não se deixam levar pelo orgulho e a vaidade.
Umberto Ferreira