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Quatro rãs estavam sentadas num tronco que flutuava à margem de um rio. Subitamente, a tora de árvore foi apanhada pela correnteza e deslizou lentamente rio abaixo. As rãs ficaram deliciadas e empolgadas, pois nunca haviam antes navegado. Por fim, a primeira falou:

─ Este é sem dúvida um tronco maravilhoso. Move-se como se fosse vivo. Jamais vi coisa assim!

Então a segunda rã disse:

─ Não, minha amiga, este tronco é como todos os outros, e não se move. É o rio que está a correr para o mar e leva-o consigo.

E a terceira rã falou:

─ Não é o tronco nem o rio que se movem. O movimento está no nosso pensamento, pois sem pensamento nada se move.

E as três rãs começaram a discutir sobre o que estava realmente se movendo. A discussão foi ficando cada vez mais acalorada e elas falavam mais alto, mas não chegavam a um entendimento. Então, voltaram-se para a quarta rã, que até aquele momento tinha estado a escutar em silêncio, e pediram-lhe sua opinião. E a quarta rã disse:

─ Cada uma de vocês tem razão; nenhuma está errada. O movimento está no tronco e na água e também em nosso pensamento.

As três primeiras rãs ficaram muito zangadas, pois nenhuma queria admitir que a sua verdade não fosse a absoluta, e que as outras duas estivessem redondamente enganadas.

Então, aconteceu uma coisa estranha. As três rãs juntaram-se e atiraram ao rio a quarta rã.

 

José Carlos Júlio B. Fernandes

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