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Cartas, também chamadas missivas, epístolas, destinam-se a estabelecer comunicação entre pessoas ou organizações através da linguagem escrita.

Não se sabe ao certo quando teve origem esse costume de correspondência, mas é sabido que os reis do antigo Oriente Médio já escreviam cartas. Mais próximo de nós, a carta de Pero Vaz de Caminha, ao rei de Portugal D. Manoel, em 1500, foi o primeiro documento escrito da História do Brasil.

Em 1919, Franz Kafka escreveu uma carta para seu pai, que no entanto nunca foi enviada. Ao escrevê-la fez uso de seu talento em destrinchar a alma humana para falar do difícil relacionamento entre pai e filho. O autor morreu e a carta acabou virando um de seus livros mais importantes: “Carta ao Pai”.

Também Freud ao longo de sua vida escreveu milhares de cartas. Elas fizeram parte da evolução de seus pensamentos que desaguaram na psicanálise.

É de substancial importância o conteúdo que uma missiva possa conter.

Muitas carregam expressões de intenso amor, revelando o afeto e o carinho de alguém para outro alguém, construindo vínculos afetivos com vistas a se solidificarem na edificação de um lar. Quando não, numa demonstração da mais sincera amizade, comovem corações em conflito, através de expressões que deixam transparecer sentimento e bem-querer.

Outras, porém, são portadoras de palavras hostis, acusações, impropérios, gerando liames de ódio, vingança, inimizade, destruidoras da harmonia e compreensão que deve vigorar entre as criaturas.

Algumas informam, esclarecem, apontam diretrizes, clareiam as mentes. Surgem como salvadoras em momentos de angústia e pesar, dos que não sabem solucionar questões intrincadas. Carregam esperança nas entrelinhas.

Existem as anônimas que, recheadas de veneno sutil, destroem vidas pela volúpia de quebrar a harmonia e a felicidade alheia. São escritas com a tinta escura da inveja, despeito, maldade.

Pelos exemplos citados, e por tantos outros que poderíamos fornecer, observamos em cada página, o caráter de quem as escreve, pois o pensamento decodificado na redação contém energia própria, cuja qualificação depende da química mental de quem os criou. Certamente a psique doentia, desequilibrada, sintonizada com forças deletérias, transpira matéria escrita de péssimo teor vibratório, cujo fluido denso e escuro atinge o leitor, perturbando-lhe o campo emocional.

De efeito contrário são as que conduzem amor, pois o magnetismo que contêm são de excelente qualidade energética, restaurando almas. Neste gênero encontram-se as cartas espirituais. Endereçadas a todos que delas queiram aspirar o perfume, inebriam o Espírito sedento de conhecimento mais elevado, cicatrizam feridas que os reveses da vida provocaram, inspiram comportamentos dignos, transformam hábitos desajustados.

Constituem-se de mensagens que o Céu envia pelos emissários de luz qual farol a nortear o navegante em noites de tempestade.

Pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, quantos pais receberam o consolo de uma página inspirada pelo filho que a morte arrebatara… quantos almas suspiraram aliviadas com as notícias dos entes queridos, habitantes do mundo espiritual…

Merece destaque neste nosso despretencioso apontamento, as epístolas de Paulo.

O dedicado apóstolo “fez muitas viagens a inúmeras cidades, formando pequenos núcleos religiosos que passaram a trabalhar com entusiasmo pela implantação da doutrina cristã. Naquele começo difícil, as pequenas igrejas fundadas passavam por dificuldades e problemas que somente Paulo poderia solucionar. Não podendo estar de corpo presente em todas elas, redigiu muitas cartas objetivando orientar esses grupos, estimulando-os a se manterem fiéis às ideias cristãs”.¹

Podemos observar que “suas epístolas não constituem tratados de teologia, e sim cartas de instrução sobre aspectos particulares da igreja à qual são dirigidas. De se notar que ele não escreve sobre episódios da vida de Jesus, seus ditos, seus milagres e atos, concentrando-se no prodigioso fenômeno da ressurreição. Não fala de um Cristo pregado à cruz, sofrido e agonizante, batido e derrotado, mas de um Cristo vivo, recoberto de luz e glória, que o buscou no caminho para Damasco. […] Não sabemos ao certo sobre o que pregava de viva voz […] mas não teria sido muito diferente do que dizem suas cartas nas quais escrevia sobre a Teologia da Ressurreição, ou seja, da sobrevivencia do Espírito imortal”.²

Leitor amigo, como vimos, as cartas espirituais são a demonstração viva de que o “correio do céu” sempre esteve presente na vida das criaturas. Entretanto, faz-se necessário que estas se coloquem em condições de receber as vibrações que o Alto lhes envia.

O intercâmbio entre os planos visível e invisível se intensifica nos dias atuais. Curiosamente, porém, quem lê tais páginas edificantes, dificilmente lhes aproveita o conselho, o conteúdo de advertência ou consolo. Quase sempre exclama: meu amigo deveria ler isto, a ver se melhora de gênio… minha irmã deveria prestar atenção a este alerta… enfim, os outros é que deveriam estar lendo o que está sob nossos olhos… E mais curioso ainda, é que tais criaturas estão sempre a solicitar do Além, algo particular, mensagens individuais. Por essa razão mesma é que o apóstolo dos gentios, ao dirigir suas epístolas a determinada igreja, rcomendava que fossem lidas nas outras, de modo a promover a expansão dos conhecimentos elevados.

Nós, os de hoje, que somos privilegiados por tantas e salutares informações enviadas pelos nobres mensageiros do Além, deixemos de lado as solicitações egoísticas e retiremos das mensagens provenientes da Espiritualidade, o bálsamo, o aviso, o remédio de que necessitemos, buscando através delas, transformações interiores que elevem o Espírito a mais altos patamares evolutivos.

 

Yvone

 

Fontes de consulta:

¹ “Aos Efésios” – L. Palhano Jr. – Prefácio

² “Cristianismo: a mensagem esquecida” – H. C. Miranda – II Paulo – uma reflexão – IV – As epístolas.

“Vinha de Luz” – F.C. Xavier / Emmanuel – cap. 143.

https:/os100assuntos.wordpress.com

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