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(Homenagem às mães!)

Se soubéssemos respeitar o sentimento materno, não erraríamos tanto durante a nossa existência, pois que todo e qualquer insucesso e desventura que nos ferem, ferem, em maior grau, nossa mãe.

Têm sido as mães dos presidiários as figuras mais comoventes deste triste desvão da vida, a que damos o nome de cárcere. Nas audiências do Conselho Carcerário de Campinas, onde servimos muitos anos, as mães dos encarcerados sempre nos impressionaram sobremaneira.

Desde o momento em que o seu filho é detido e indiciado, a mãe começa a sofrer, como se lhe tivessem lancentado o coração. Quando o Juiz da Vara Criminal exara nos autos o despacho condenatório, ela começa a morrer. Entra em agonia.

O pano de boca do palco judiciário esconde, atrás da ribalta, e longe dos olhos do público, um drama familiar que vai se prolongar por largos anos, e às vezes para sempre, no qual os figurantes são criaturas inocentes que não infringiram lei alguma: a esposa, os filhos menores, o pai e a mãe do delinquente. Nos quadros da via crucis poderão faltar todos, mas, nunca a mãe.

Com que tenacidade, suportando toda sorte de humilhações, ela, tão frágil, pleiteia, justifica, explica, perambula pelos corredores do Palácio da Justiça, ou batendo à porta da cadeia, enfrenta leoninamente guardas, carcereiros, delegados, escrivães, a fim de conseguir um benefício para o seu filho, ou um amparo.

[…] No olhar destas mães há tanta grandeza, quanto naquele de Jesus, virando-se para Dimas, o bom ladrão. “Não há dor igual à minha”, teria exclamado Maria diante do filho supliciado. E acredito piamente que teria sofrido muito menos, se fosse ela a condenada ao madeiro infamante.

[…] Ah! nossas mães, simples ou doutas, ricas ou pobres, vestindo andrajos ou arminhos! Mesmo depois que os seus olhos carnais se fecham com a morte, continuam no além a velar por nós. Nas notícias que chegam à Terra, através das mensagens recebidas por Chico Xavier, os mortos contam que uma santa lhes apareceu no portal da vida, para recebê-los com muito amor, e era simplesmente a sua mãe que partira antes.

[…] Uma passagem é bem conhecida, acerca de certa mãe que, tendo morrido em santidade, foi conduzida ao Céu e recebida carinhosamente pela comunidade espiritual. Pelo tanto que lutara em vida, com nobreza e abnegação, colocaram-na em lugar aprazível, florido, cheio de encanto, musicalidade e conforto, cercada de almas angélicas, solícitas em servi-la. Ela, no entanto, se revelou inquieta e logo mostrou a razão, perguntando ansiosa: “Onde se encontra o meu filho Ditinho, que morreu bem antes do que eu?”

O Guia espiritual esclareceu-a: “Ele está nas zonas inferiores purgatoriais.”

─ “Então – disse a mãe – me perdoem. Não posso ficar aqui no Céu e meu filho no inferno. Vou-me embora para ajudá-lo. Coitado do Ditinho, ele deve estar precisando de mim.”

 

Mario B. Tamassia

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