Na visão espírita, o amor materno é manifestação sublime do amor do Criador, que transcende os laços consanguíneos e se transforma em uma força capaz de regenerar almas. Ele dá vida ao princípio essencial: “Fora da caridade, não há salvação”[1]. Maria de Nazaré, mãe de Jesus, é o exemplo máximo de amor incondicional, simbolizando a maternidade universal com sua extraordinária capacidade de abnegação. Ela nos inspira a acolher não apenas os filhos nascidos do ventre, mas todos os seres necessitados de amparo.
Maria significa “Senhora da Luz” em hebraico (Miriam): “Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus”[2]. Durante sua vida terrena, foi escolhida como a guardiã do Messias. Acompanhou-o com fé inquebrantável. Enfrentou desafios e dores inimagináveis sem jamais sucumbir à revolta. Mesmo diante do sofrimento extremo, reafirmou sua confiança nos desígnios Divinos e a aceitação de sua missão.[3]
Algum tempo após o desencarne de seu Filho, o apóstolo João a acolheu em sua casa que, “ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de assembleias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por almas humildes e sinceras […]. João pregava na cidade as verdades de Deus, ela atendia, no pobre santuário doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe suas úlceras e necessidades. Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de Casa da Santíssima”.[4]
Após seu desencarne, Maria continuou sua jornada de amor e serviço, expandindo seu papel como mãe espiritual da Humanidade, acolhendo as entidades aflitas no outro plano. Inspirada nos ensinamentos de Jesus – “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” – fundou organizações que promovem a regeneração e o despertar moral das almas.
Ainda hoje, ela dirige instituições de auxílio e caridade que são verdadeiros santuários de cura espiritual. Na obra Memórias de um Suicida[5], há a descrição do “Hospital Maria de Nazaré”, um local especialmente dedicado ao atendimento de Espíritos que interromperam voluntariamente sua jornada terrena. Ali, trabalhadores da “Legião dos Servos de Maria” oferecem amparo, tratamentos magnéticos e bálsamos espirituais para aliviar as dores daqueles que, tomados de desespero, estiveram nas regiões mais sombrias do mundo espiritual. Os acolhidos recebem cuidado e orientação para compreenderem as Leis Divinas e se prepararem para novas oportunidades de evolução. Esse serviço é exemplo de como a caridade pode transformar dor em aprendizado e resgate moral.
Na obra Ação e Reação, André Luiz também destaca a atuação de Maria e sua intercessão por aqueles que oram em aflição. O instrutor Silas explica que petições dirigidas à Virgem de Nazaré são recebidas e avaliadas no mundo superior, onde os emissários de Maria trabalham incessantemente para levar alívio e conforto aos que sofrem.
Outro exemplo do trabalho de Maria é encontrado no “Lar da Bênção”, descrito por André Luiz na obra Entre a Terra e o Céu[6]. Essa colônia espiritual é dedicada ao acolhimento de crianças desencarnadas e à preparação de mães que enfrentam desafios nessa seara. Ali, a maternidade é vista como uma missão espiritual que transcende a vida física, oferecendo consolo e reequilíbrio aos que necessitam de amparo.
Maria nos ensina que a maternidade vai além da biologia; é um chamado à caridade universal. Seu exemplo nos inspira a praticar o amor desinteressado, estendendo os braços para acolher e auxiliar os que sofrem.
Que seu amor incondicional e sua dedicação ao bem inspirem a todos, independentemente do gênero, a ajudar os menos favorecidos, a espalhar conforto e esperança e a praticar a caridade como um dever espiritual. Maria, mãe da Humanidade, não apenas consola e acolhe, mas ilumina os caminhos da regeneração, mostrando que o amor é a chave para um futuro mais justo e fraterno.
Lila
[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XV, item 10.
[2] XAVIER, F. Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pão Nosso. Capítulo 52.
[3] XAVIER, F. Cândido pelo Espírito Humberto de Campos. Boa Nova. Capítulo 30.
[4] XAVIER, F. Cândido, pelo Espírito André Luiz. Ação e reação. Capítulo 11.
[5] PEREIRA, Yvonne A. pelo Espírito Camilo Cândido Botelho. Memórias de um suicida. Capítulo 3.
[6] XAVIER, Francisco C. pelo Espírito André Luiz. Entre a Terra e o Céu. Capítulo 11.