(Texto com base em crônica de Carlos Heitor Cony e no livro Momentos de Ouro, por Espíritos Diversos, psicog. De Francisco C. Xavier)
Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas.
Um dia, o cercaram e lhe perguntaram por que ele só usava meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade: No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas.
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela.
Ora, disseram os garotos, mas você não está num circo. Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso, eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela.
Amiguinho leitor
A história deste mês foi marcada pela tristeza de um garoto cuja mãe abandonara o lar.
Assim como ele, muitas almas existem, na Terra, que guardam tristeza no coração pela perda de um afeto, e caminham solitárias, mantendo sempre a esperança de que um dia sejam vistas em meio à multidão, por alguém que se interesse por elas.
Muitas vezes são crianças que têm sede de carinho, de afeto, de serem amadas, de alguém que as aconchegue…
Outras vezes são idosos recolhidos em asilos, aguardando que algum familiar se lembre deles…
Muitos homens e mulheres, se levantam todos os dias na esperança de quem partiu, volte…
São almas carentes, machucadas em seus sentimentos.
As “meias vermelhas” nada mais são do que um símbolo; representam o modo daquele que sofre a dor da perda, de chamar a atenção. Um jeito de se fazer notado, de encontrar alguém que se interesse por ele.
Aguardam gestos de carinho, de pequenas atenções.
É difícil avaliar a dor de um coração quando é abandonado por outro.
Não podemos esquecer de que somos responsáveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações. Isso é um alerta para que não brinquemos com os sentimentos alheios.
Se alguém estiver usando “meias vermelhas” por nossa causa, pensemos se este não é o momento de recompor o que se encontra destroçado, trabalhando a terra do nosso coração.