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Numa encruzilhada encontraram-se dois burrinhos, e como continuassem pelo mesmo caminho, puseram-se a conversar.

─ Que é que fazes na vida? perguntou o animal que tinha uma mancha clara sobre a testa.

─ Ai de mim, meu amigo! Se queixou o outro, sacudindo o rabo pelado. Sou um infeliz! Imagine que meu dono negocia com sal e eu todos os dias sou obrigado a carregar no lombo este peso imenso que me mata de cansaço. Olhe para mim como estou suado. Já imaginou carregar sacos pesadíssimos o dia todo? E você, o que faz?

─ Levo às vezes pesos bem grandes, mas não me queixo. Agora, por exemplo, estou folgado. Sabes o que há nesta enorme carga que tenho às costas?

─ Maçãs?

─ Não. Esponjas…

─ Que felizardo!

E o burrinho do rabo pelado começou a lamentar-se e a chorar, propondo, por fim, trocarem de carga para que ele pudesse descansar um pouco.

O burrinho de mancha branca tinha um bom coração e concordou em aliviar o amigo. Trocaram as cargas. Daí por diante o burro do rabo pelado ficou todo prosa, rindo do colega que começara a suar sob a carga que não lhe pertencia.

Acontece que o caminho ia dar num rio que era preciso atravessar e o burrinho de mancha branca, sem delongas, meteu-se na água. Enquanto atravessava para o outro lado o sal se foi derretendo. Chegando à outra margem o animal respirou aliviado, pois os sacos estavam vazios.

Ao ver isso, o irresignado burrinho do rabo pelado meteu-se à água certo de que a levíssima carga que levava diminuiria ainda mais de peso. Qual não foi sua surpresa e angústia ao sentir que as esponjas encharcadas pesavam como se fossem chumbo. Debateu-se em vão e terminou afogado.

Pequeno leitor

“Carregar a cruz” é uma expressão simbólica que Jesus utilizou para nos ensinar que cada um de nós tem um peso, uma dor, uma aflição (cruz) que devemos carregar sem nos revoltar.

As dificuldades são diferentes para cada pessoa, e estão relacionadas com o tanto de erros e enganos cometidos em existências passadas ou até mesmo nesta, e que precisam ser consertados. Por isso uns sofrem mais outros menos.

Sendo assim, não lamentemos se nossa cruz é grande ou pesada. Não invejemos nosso vizinho se sua vida nos parece próspera e feliz. Nós merecemos o que sofremos hoje e talvez o futuro daqueles a quem invejamos seja tremendamente trágico.

A história dos dois burrinhos nos mostra que não adianta querer fugir daquilo que nos está programado. É melhor aceitar com paciência e serenidade o que nos traz aflição e dor, tendo a certeza de que se soubermos “bem sofrer”, dias mais tranquilos nos esperam no futuro.

Ninguém pode ser feliz sem antes se ajustar com a Lei de Deus.

(Parábolas Espiritualistas – Hildebrando de Lima)

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