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Redação com base no artigo Um Ensaio sobre a Dor de Eugênio Mussak, da revista Vida Simples, edição 162, setembro de 2015, e no cap. IX, item 7 do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec

 

O fato, ocorrido em um pronto-socorro, atraiu a atenção dos acadêmicos plantonistas naquele sábado frio.

Era ao cair da tarde quando chegou o casal com um garoto enrolado em um cobertor.

Pai e mãe se mostravam apavorados e o pai não parava de dizer: Ele se queimou. Ele se queimou.

O que causou surpresa aos jovens era que o menino parecia bem. Respondeu, de forma serena, dizendo seu nome. E isso tranquilizou os plantonistas.

No entanto, quando o garoto foi colocado na maca, retirado o cobertor, viram, estarrecidos, o grande estrago.

Ele sentara sobre a chapa quente de um fogão e tinha queimaduras graves nas nádegas e na parte posterior das coxas. Era algo para o acidentado estar gritando ou desfalecido.

No entanto, é como se nada tivesse acontecido. Foi levado para o Centro Cirúrgico para retirada do tecido morto, entre outras providências.

Era evidente que, posteriormente, ele precisaria de um transplante de pele.

Intrigados, os acadêmicos ouviram a explicação do experiente professor: O que vocês presenciaram é um caso raro da Síndrome de Ryley-Day. Uma anomalia genética que afeta os neurônios sensoriais.

E concluiu: Ele não sente dor e esta é a sua desgraça.

 

Pequeno leitor

As orientações espirituais nos dizem que a dor é uma bênção que Deus envia a Seus eleitos: não vos aflijais, pois, quando sofrerdes. Antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória do céu.

Isso nos leva a entender porque o não sentir dor física é uma desgraça, não um benefício.

O menino sentou em uma chapa quente e, por nada sentir, sofreu queimaduras de terceiro grau, que lhe marcaram o corpo para sempre.

Sentir a dor de um espinho que nos fere a pele, um prego que nos penetra o pé, a brasa que nos queima, faz com que nos afastemos rapidamente do perigo.

E como a dor física nos é um alerta e provoca uma reação imediata, as dores emocionais que nos atingem, nos informam que algo não está bem conosco.

A angústia, a tristeza, a raiva são sinais de alerta.

A frustração constante com o trabalho, com os familiares, com os amigos, nos deve levar a pensar em sanar aquilo que nos infelicita, nos fere tanto, porque resultará, logo mais, em problemas físicos.

Quando a tristeza passa dos limites esporádicos, mantendo-se como companheira constante, nos diz que devemos investigar a causa a fim de afastá-la.

Não podemos fingir que a dor não existe. Não podemos colocar para debaixo do tapete aquilo que nos fere, todos os dias, todas as horas.

Se a dor nos alcança quando alguém parte para o Além e deixa um lugar vazio à mesa, temos o direito de chorar, de sentir a ausência. Direito a viver o período de luto. Mas, não para a totalidade da nossa vida.

A bênção da dor nos deve estimular à busca de auxílio, seja da fé que abraçamos ou de profissionais terapeutas, braços de Deus na face da Terra.

Bendita dor física que nos leva a procurarmos dela nos desvencilhar. Bendita dor emocional que nos lembra que nosso grande compromisso, nesta Terra, é viver.

Viver para progredir. Para lutar. Para amar. Para seguir em frente.

Até o mês que vem!

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