Apesar das comunicações virtuais, que vêm diminundo a verbalização oral entre os indivíduos, a balbúrdia domina os relacionamentos humanos em toda parte.
Lutas orais e discussões inúteis avolumam-se aos ruídos de todos os tipos de máquinas em altos volumes, tornando as cidades verdadeiras babéis onde se misturam as confusões ambientais com os distúrbios humanos.
As criaturas automatizadas tornam-se verdadeiros robôs que atendem os compromissos com velocidade, na ânsia de ganharem tempo ou de fruírem ao máximo os resultados das ambições atendidas.
Há transtornos neuróticos inúmeros que defluem dessa conduta desorganizada, gerando mais perturbação e tormento.
O tempo apresenta-se insuficiente para o cumprimento de todos os deveres, e os novos planos estabelecidos para solucionar a questão resultam do volume imenso de informações e falsas necessidades.
O cristão decidido, nesse báratro, não poucas vezes se perturba ante as injunções enfrentadas, perdendo o rumo existencial. As distrações e variedade de divertimentos, as licenças morais que liberam condutas esdrúxulas produzem, no seu conjunto, aturdimento e perda do foco espiritual, necessário à existência saudável.
Nunca o silêncio se fez e se faz tão necessário como nestes dias. Não apenas o silêncio ambiental, mas também aquele que diz respeito aos sentimentos e emoções.
É preciso enfrentar os problemas onde surgem, viver no mundo sem lhe pertencer, livre para Deus e a iluminação interior.
Reserva-te algum tempo para o silêncio interior.
É necessário estabeleceres um deserto no íntimo para servir-te de refúgio nos momentos em que necessites de harmonia.
Procura compreender que o teu equilíbrio irá contribuir de maneira eficaz para a harmonia geral.
Sempre que a multidão insaciável afligia o Mestre, Ele buscava o deserto, renovando as forças para prosseguir. E foi lá, no grande silêncio, que viveu as “tentações”.
Quando sejas surpreendido pelas distrações mundanas de paradigmas morais relevantes, lembra-te d’Ele e age de maneira igual à que Ele conseguiu ao desconcertar o perturbador.
Joanna de Ângelis / Divaldo Pereira Franco
(Excertos da obra Luz nas Trevas – cap. 6)