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Quase tudo o que foi difundido acerca da vida e da obra do Cristo foi trazido pelas religiões Cristãs e pelos historiadores. Foi apenas no século XIX, com a manifestação dos fenômenos mediúnicos e através das comunicações registradas nas obras Espíritas, que pudemos ter acesso ao Seu trabalho, relacionado à Terra, mas executado no plano espiritual, ampliando-nos a noção da magnitude do Mestre. Hoje, Sua passagem pelo planeta ainda povoa o imaginário da maioria das pessoas de maneira mística e dogmática e faz-se necessário esclarecer o Seu tamanho frente ao Universo e Seu papel em nosso planeta e nossa história.

Jesus é um dos Espíritos que já atingiram a perfeição, os chamados Puros ou Crísticos. É responsabilidade dessa “categoria de Espíritos” a direção da vida de todas as coletividades planetárias. Segundo a lei de sintonia e afinidade, esses são os únicos seres capazes de compreender a Deus e Suas Leis[1] em toda a profundidade e, portanto, darem cabo de tarefa de tal dimensão. Pelo que nos consta, essa comunidade de Espíritos Puros se reuniu nas proximidades da Terra em apenas duas ocasiões: a primeira, para formular a criação do planeta; a segunda, para decidir sobre a encarnação do próprio Cristo.[2]

Não cabe aqui entrar em detalhe sobre o que a Ciência tão bem nos explica acerca dos últimos 4,5 bilhões de anos: a criação e formação geológica da Terra, o surgimento e a evolução[3] dos seres vivos, até o surgimento do Homo Sapiens[4], mas compreender que o planeta foi criado, por benevolência Divina e com o esforço desses Trabalhadores Maiores, para que nós, Espíritos vinculados a esse orbe, pudéssemos nos utilizar das encarnações para evoluir.[5] Naquela primeira reunião, ficou determinado que Jesus seria o Governador do planeta e deveria “encaminhar a Humanidade terrestre ao bem, disponibilizando condições para que o Homem evoluísse em conhecimento e moral”.[6]

Com toda razão, o Espírito Emmanuel introduz seu texto “Hegemonia de Jesus” dizendo que é impossível localizar o Cristo na História, à maneira de qualquer personalidade humana” [7] e aí está a razão: Sua obra precede até mesmo a criação da Terra.

Como parte desse longo processo de auxílio aos Homens na busca pela autoiluminação, Jesus enviou à Terra missionários e mensageiros portadores de revelações gradativas tais como os Exilados da Capela[8], profetas como Abraão e Moisés, filósofos como Confúcio, Lao-Tsé e Sócrates, dentre inúmeras outras personalidades. Todos eles inspirados pelo Divino, levando em sua memória espiritual a missão de trazer ensinamentos que proporcionassem saltos evolutivos à Humanidade seja sob ponto de vista moral, intelectual ou tecnológico, além de profetizar a vinda do Mestre; de forma que, dois mil anos atrás, ao atingirem a maioridade, os Homens de todas as partes do planeta estariam prontos e ansiosos para receber o Cristo.

Diferentemente do que se imagina, o maior sacrifício feito por Jesus não ocorreu nessa missão encarnatória, afinal, “Ele compreendia perfeitamente a natureza psíquica da Humanidade, pois os pecados dos homens eram frutos da sua imaturidade espiritual. […] O seu verdadeiro sacrifício e sofrimento foram decorrentes da penosa e indescritível operação milenar durante o descenso espiritual vibratório, para ajustar o seu psiquismo angélico à frequência material do homem terreno, […] permitindo-O imergir lentamente no oceano de fluidos impuros e agressivos, produzidos pelas paixões violentas dos homens da Terra e dos desencarnados no Além”.[9]

Jesus chegou em um momento em que o planeta estava mergulhado em uma miscelânea de ideias religiosas, predominantemente politeístas, era povoado por corações muito violentos e vingativos, quando o orgulho era visto como virtude e os povos cediam aos vícios e à lascívia. Ele encarnou para exemplificar um comportamento completamente inovador à época, baseado exclusivamente no amor. Suas ações e ensinamentos causaram tal impacto aos Homens que, mesmo com a limitação dos meios de comunicação, quando poucos sabiam ler e escrever e a divulgação acontecia oralmente, mudou o rumo da nossa história, dividindo-a em antes de Cristo e depois de Cristo.

A mensagem era de tal maneira transformadora, que apenas ELE seria capaz de ensiná-la; nenhum Espírito vinculado ao planeta teria a qualificação moral para agir conforme Suas orientações de amor, tolerância, caridade e justiça. Eram atitudes além do nosso grau de desenvolvimento. Daí a necessidade da encarnação do Cordeiro para nos mostrar como sentir, como pensar, como proceder.

“O […] Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do Judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção”.[10]

“Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo Ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.”[11]

Jesus se sacrificou em todos os sentidos para nos apresentar o roteiro da fraternidade e do amor. Ainda hoje, muitos corações resistem ao Seu chamado. Necessário é que auxiliemos ao nosso próximo a reconhecer a essência Divina que reside dentro de cada um de nós, que a única elevação que faz sentido é a espiritual, e a única forma de atingi-la é seguindo esse código de conduta proposto há dois mil anos, mas ainda tão desafiador para muitos.

O tempo urge! Em poucas décadas, a Terra será um planeta de regeneração, resultado da semente plantada pelo Cristo. Não percamos tempo, trabalhemos em nossa autoiluminação seguindo os ensinamentos Dele.

Lila

 

 

 

 

[1] FEB. Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita. Livro V, roteiro 23.

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 97 a 113.

[3] DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Tradução a partir do original publicado em 1859.

[4] KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo 6 ao 11.

[5] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 166 a 169.

[6] XAVIER, Francisco C, pelo Espírito EMMANUEL. A Caminho da Luz. Capítulo I, A comunidade dos Espíritos Puros.

[7] XAVIER, Francisco C, pelo Espírito EMMANUEL. Caminho, Verdade e Vida. Capítulo 133.

[8] ARMOND, Edgard. Os Exilados da Capela.

[9] MAES, Hercílio, pelo Espírito RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Capítulo II.

[10] XAVIER, Francisco C, pelo Espírito EMMANUEL. A Caminho da Luz. Capítulo XII, A grande lição

[11] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 625.

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