Lembro com carinho dos Natais de minha infância.
A família era numerosa, as dificuldades muitas. E havia uma época do ano muito especial: o Natal.
Algumas semanas antes do 25 de dezembro, meu pai trazia para casa um belo pinheiro.
Era dever de nós todos, contando com a ajuda de mamãe, enfeitar a bela árvore.
Depois, meus pais colocavam embaixo do pinheiro os tão esperados presentes, que somente poderiam ser abertos no Natal.
No aguardado dia, preparavam uma bela ceia. Porém, antes da refeição, nos reuníamos em torno da mesa e papai narrava como se dera o nascimento de Jesus.
Emocionados, nos uníamos em prece de agradecimento, conduzidos por minha mãe. Cantávamos Noite feliz, um tanto desafinados, é verdade.
A refeição era servida, para depois, em torno do pinheiro, recebermos os presentes de Natal: chinelinhos de dedo, lápis, cadernos escolares, suéteres que mamãe havia tricotado.
Era uma alegria só.
E, na hora de dormir, eu deixava os chinelinhos atrás da porta, pois, ao amanhecer, é certo de que lá estaria, sobre eles, um delicioso chocolate para alegrar a manhã…
Hoje, sou pai, avô e bisavô.
É Natal. Estão todos, filhos, netos, bisnetos, reunidos em minha casa, em torno de um pinheiro que, anualmente, faço questão de enfeitar.
Eu os contemplo, assim, felizes, e lembro-me de meus pais e alguns de meus irmãos, que já partiram.
O Natal é uma época que sempre nos enche de saudades.
Então Pedro, meu bisnetinho de seis anos, trazendo os brinquedos modernos que ganhou, se aproxima e pergunta: Vovô, o que o senhor ganhava de presente de Natal quando era criança, assim como eu?
Ora, meu filho, eu ganhava chinelinhos de dedo e os colocava atrás da porta, para que, no dia seguinte, ganhasse um chocolate.
Vovô, eu tenho chinelinhos! Olha, vovô!
Então corra! Vá, coloque seus chinelinhos atrás da porta e quem sabe o que você vai encontrar sobre eles amanhã…
Anos e anos se passaram. A tecnologia e os recursos avançaram. Ontem fui eu um menino, hoje sou bisavô. E a simplicidade de um chinelinho é ainda capaz de fazer o menino de ontem e o de hoje sorrir e ser feliz!
Pequeno leitor!
A história deste mês de dezembro, mês em que se comemora o Natal de Jesus, tem como destaque a simplicidade.
O Cordeiro de Deus, como foi chamado durante todo o Seu apostolado aqui na Terra, viveu e exemplificou a simplicidade, desde o Seu nascimento, tendo como berço a singela manjedoura, até o final de Seus dias, na cruz…
Sendo assim, não faz muito sentido celebrar o 25 de dezembro com presentes caros, ceias fartas, e grandes ostentações materiais.
O vovô da história, ao relembrar os Natais de sua infância, relata com que alegria esse momento era esperado, e de que forma o pouco que recebia em presentes, representava o muito para o cultivo do amor, da paz, da união familiar, do respeito ao grande aniversariante Jesus.
Os momentos foram tão bons que repassou ao seu bisnetinho as lembranças dessa data festiva.
Hoje, o cenário apresenta-se diferenciado. O progresso, no aspecto material, roubou a simplicidade do Natal, trincou o cristal sutil dos sentimentos, das reuniões familiares, das manifestações da alegria entre as crianças e adultos.
Sempre resta, entretanto, uma esperança de se resgatar os Natais de outrora, para que eles saiam das lembranças e se tornem reais outra vez.
Lembre-se, o nascimento de Jesus ocorre onde acontece o AMOR…
Pense nisso, e viva seu momento natalino valorizando mais os ensinos que o Mestre nos deixou do que os presentes que possa ganhar. Afinal, quem deveria ser presenteado é Jesus, e o que Ele mais gostaria de receber é o AMOR que possamos desenvolver de uns para com os outros.
FELIZ NATAL!
Até o mês que vem!
(Redação do momento Espírita)