As encarnações de Espíritos com capacidade intelectual ou moral muito acima da média são conhecidas desde tempos imemoriais, assinalando a inegável atuação do Alto nos projetos iluminativos do planeta.
Sempre foram objeto de observações e estudos, com intuito de se identificar e compreender a origem das capacidades precoces e prodigiosas nas mais diversas áreas da manifestação humana.
Porém, parece que a única conclusão unânime decorrente desses estudos, respeita ao fato de que os dotes extraordinários das crianças sobredotadas não se justificam diante da herança genética.
Desde o século XVIII constata-se, quase sem exceção, que gênios e prodígios descendem de pais com inteligência mediana; alguns dos genitores demonstrando até claros problemas cognitivos, o que torna a compreensão da questão de difícil solução para a Ciência.
Emmanuel considera que: “Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a Ciência Psicológica definir a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do corpo perecível, mas no Espírito imortal” (1)
Kardec abre oportunidade para que os Espíritos esclareçam a questão: Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo etc.? Resposta: “Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem.” (2)
E Gabriel Delanne complementa: “Não é uma intuição, propriamente dita o que lhes dá o poder de assimilar as noções novas, mas uma espécie de reminiscência, que lhes permite apropriarem-se de matérias novas, as quais, em realidade, não fazem mais que despertar na subconsciência.” (3)
São as reminiscências ou o conhecimento prévio de assuntos como a música, a pintura, a literatura, as ciências exatas, a medicina, a religiosidade e outras formas de manifestação das aquisições do Espírito que justificam a atuação e capacidade de apreensão (recordação), desses pequenos de inegáveis dotes, originados da anterioridade das experiências.
A pedagogia platônica esclarece a bipartição da realidade entre o mundo sensível (da aparência, dos sentidos, da matéria), e o mundo inteligível (das ideias, do divino, da alma), exposta através do mito da caverna,(4) que, por sua vez, dá ensejo à teoria da reminiscência ou anamnese, segundo a qual a alma recorda-se imperfeitamente das ideias colhidas no mundo inteligível (espiritual, divino), dado percebê-las com os sentidos grosseiros que se lhe encontram disponíveis no mundo sensível (da matéria). Ter reminiscência é recordar conhecimentos que preexistem à encarnação: “Conhecer nada mais é do que lembrar, trazer de volta à memória aquilo que já vimos em outro mundo.” (5)
Léon Denis define sintética e perfeitamente os sobredotados, ressaltando o fato de que se tratam de Espíritos que trabalharam ao longo do tempo em suas aquisições: “Existem nesses jovens, reservas consideráveis de conhecimento armazenado na consciência profunda e que, daí, extravasam para a consciência física, de modo a produzir essas manifestações precoces do talento e do gênio. Embora parecendo anormais, são apenas a consequência do trabalho e dos esforços acumulados ao longo dos tempos.” (6)
Pois bem. O fato é que, se séculos atrás os sobredotados eram figuras razoavelmente raras no cenário da Terra, nos dias de hoje o número de prodígios se prolifera, a ponto de serem criados núcleos específicos de ensino para o seu acolhimento e normas de proteção psicológica para crianças e pré-adolescentes que reúnem condições de frequentar universidades e cursos de pós-graduação espalhados pelo mundo.
O volume de crianças e jovens extraordinários que se encontram encarnados e que demonstram habilidades diferenciadas, inteligência, sensibilidade e maturidade, deixa claro que estamos vivendo, inequivocamente, a constituição de uma nova geração na Terra, conforme advertido pelos Espíritos a Kardec (7), visando o impulso definitivo da transição para o mundo de regeneração.
Eles vêm de planetas do Sistema Solar, manifestam a reencarnação de grandes vultos que deixaram a sua marca na Terra do passado, mas são, maciçamente, egressos da Constelação das Plêiades, de um planeta regido pela estrela denominada Alcíone.
Construíram notável progresso intelectual e moral a ponto de, por amor à Humanidade, lançarem-se ao projeto de qualificação da Terra, deixando transitoriamente o mundo superior a que pertencem.
O Espírito de Manoel Philomeno de Miranda (8) relata que desde as décadas de 70 e 80 do século passado, caravanas espirituais, através de técnicos capacitados, preparam o ingresso desses Espíritos especiais (9), sendo certo que a partir da segunda década do século em curso, as encarnações dos embaixadores do bem (10) passaram a ser massivas. (11)
Mas, para tanto, foi e continua sendo necessária a existência de condições propícias para a recepção desses imigrantes, tanto na atmosfera espiritual, quanto no “cardápio” genético que se disponibiliza a eles, por intermédio de seus futuros pais biológicos.
Vejamos, inicialmente, os esclarecimentos dos Espíritos a Kardec sobre a atmosfera espiritual: De onde retira o Espírito o seu invólucro semimaterial? “Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.” a) — Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro? “É necessário que se revistam da vossa matéria, já o disse.” (12)
Os sobredotados vêm de mundos cujas atmosferas espirituais são superiores, decorrentes do grau de elevação intelecto-moral que alcançaram. Relembremos que a atmosfera espiritual é o reflexo dos habitantes de cada mundo.
Por essa razão, a atmosfera dos mundos superiores é muito mais leve e sutil em comparação com a atmosfera densa e grosseira que predomina na Terra. É aí que repousa o grande desafio a que são submetidos os imigrantes – sujeitarem-se às modificações da sua estrutura perispiritual, obedecendo às profundas limitações dos melhores segmentos existentes na psicosfera terrícola.
Uma imagem que pode nos auxiliar a compreensão do desafio a que os imigrantes submetem-se é a dos trajes de mergulho utilizados no passado. Eram pesados, dificultavam sobremaneira os movimentos e a oxigenação se mostrava precária. O desconforto inicial, até a adaptação, era considerável, mas apesar de todos os embaraços e impedimentos, o mergulhador não deixava de cumprir a sua tarefa, submetendo-se às dificuldades oferecidas pelo meio aquoso denso, como a perda da naturalidade e fluidez dos movimentos, dentre outros obstáculos.
A analogia se aplica inteiramente aos nossos imigrantes. A acomodação às condições da atmosfera espiritual terrícola é possível, mas não é a ideal. Caminham entre nós com os seus “escafandros”, privados, em algum grau, da plenitude de suas potencias, sem que isso lhes detenha a programação.
E ao lado desses desafios encontrados por eles, no tocante à atmosfera espiritual da Terra, constatamos as limitações do “cardápio” genético que lhes é oferecido pelos pais. É restrito e inadequado às suas necessidades, dada a diferença evolutiva entre estes e aqueles.
Como sabemos, a evolução produz modificações nos valores fisiopsicológicos dos Espíritos. Especificamente no tocante à fisiologia humana é fundamental que se realizem intervenções no arcabouço genético dos pais, para que os imigrantes encontrem elementos que lhes permitam desenvolver o corpo físico em condições mais ou menos propícias.
Na obra da autoria de Divaldo e Manoel Philomeno (13), encontramos a informação que as encarnações massivas dos sobredotados na Terra são coordenadas pelo geneticista Dr. Artêmio Guimarães, que esclarece: “Muitos de nós, equipamo-nos dos conhecimentos próprios nas áreas da genética, da embriologia e da embriogenia, a fim de prepararmos os corpos que acolherão por algum tempo, no claustro da maternidade, esses mensageiros do amor e da misericórdia em sua peregrinação terrestre…” (14)
Certo é que eles estão entre nós. No passado eram conhecidos como prodígios e durante o século em curso receberam a denominação de índigos, cristais, arco-íris, tendo como características a independência, a inteligência, a intuição, a maturidade e a consciência universal.
Por outro lado, demonstram dificuldades com autoridade e regras, provavelmente pelo senso de responsabilidade que adquiriram, externando comportamentos estranhos, como se estivessem ora inquietos, ora distantes, ora desajustados no próprio corpo. Muitas vezes parece lhes faltar a naturalidade nos gestos, nas falas e no comportamento em geral, interagindo com o meio de forma quase robotizada. Esse conjunto de sinais determina que sejam classificados em alguma patologia psíquica, recebendo tratamento medicamentoso competente que lhes minora as dificuldades.
Talvez, e sublinhamos o talvez, os comportamentos estranhos decorram das adaptações necessárias que são realizadas no arcabouço perispiritual dos imigrantes, produzindo efeitos temporários, tanto em sua química, quanto em seu sistema nervoso, perdurando até que se complete a melhor interação entre o Espírito e o seu novo corpo etéreo.
Talvez, e novamente sublinhamos o talvez, a hiperatividade, o alheamento, os tiques e os comportamentos estranhos sejam decorrentes de eventuais reações químicas excessivas nas glândulas cerebrais ou hipotéticos “curtos-circuitos” no sistema nervoso, decorrentes do processo de adaptação ao corpo físico e em cumprimento a nobre tarefa de aprimoramento da genética humana, para que as próximas gerações de sobredotados não tenham de andar em trajes de “escafandro” entre nós.
Feliz Natal, com Jesus!
Cleyton Franco
(1) O Consolador, Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, pergunta 48.
(2) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 219
(3) A Reencarnação, Gabril Dellanne, cap. VIII – A Hereditariedade e as Crianças Prodígio.
(4) A República, Platão, Livro VII, 514a e seguintes.
(5) Fédon ou a imortalidade da alma, Platão, § 72e e seguintes.
(6) O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis, cap. 15 – As Vidas Sucessivas. As Crianças-Prodígio e a Hereditariedade.
(7) A Gênese, Allan Kardec, cap. XVIII, 27 e seguintes, A Geração Nova.
(8) Transição Planetária, Divaldo Pereira Franco, Manoel Philomeno de Miranda, cap. 13 – Conquistando o Tempo Malbaratado. O próprio Manoel Philomeno relata que integraria um grupo de cerca de 500 obreiros, sob o comando do geneticista Dr. Artêmio Guimarães, responsável pela preparação das reencarnações em massa dos Espíritos imigrantes.
(9) Ibidem, cap. 14 – Diretrizes para o Futuro.
(10) Ibidem – Termo usado pelo geneticista, Dr. Artêmio Guimarães (Espírito), para designar os Espíritos vindos de Alcíone, na constelação das Plêiades, visando auxiliar o progresso na Terra.
(11) Ibidem,caps. 14 e 16: Diretrizes para o Futuro e Programações Reencarnacionistas.
(12) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 94.
(13) Transição Planetária, Divaldo Pereira Franco, Manoel Philomeno de Miranda, cap. 13 – Conquistando o Tempo Malbaratado.
(14) Ibidem