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Diz-nos Joanna de Ângelis, pelas mãos de Divaldo P. Franco, na obra Luz nas Trevas, cap. 9, que “nos primórdios dos tempos cósmicos, a massa que foi retirada da imensa nebulosa de gases incandescentes que se movia no espaço infinito, e que seriam a Terra, seu satélite e demais peculiares do seu conjunto, o Psiquismo Divino envolveu-a e fascículos de luz a penetraram. Seriam os Espíritos que a habitariam um dia.”

Caro leitor, já havia, então, uma programação para esse mundo recém-nato.

Vagarosamente, os elementos que o constituíam, aglutinaram-se uns, e se consumiram, outros, ocasionando movimentos permissivos à penetração dos raios solares, que, na excessiva escuridão o auxiliavam no desenvolvimento que lhe estava programado.

Apesar dos turbilhões terríveis que o sacudiam, as forças foram se equilibrando a pouco e pouco através de alguma claridade durante o dia, e do brilho de outros astros que o alcançavam, durante a noite.

Podemos perceber que mesmo na escuridão mais intensa,  a luz se fazia presente de alguma forma, como meio de impulsionar o progresso.

Milhões de anos se passariam para que a vida surgisse na sua forma primeira, no seio das águas.

E de que maravilhas se encantariam os olhos do observador moderno, se pudesse hoje, vislumbrar o que foi a descoberta do fogo, nas priscas eras, cujos pontos de luz bordavam o Planeta de maneira especial, até a chegada, milhares de anos depois, da eletricidade, passando a diluir as sombras.

A perspectiva nos tempos de agora é de que satélites artificiais captem a luz do sol e brilhem quando a noite cercar de escuridão o mundo.

A Ciência e a Tecnologia avançam vertiginosamente em todas as áreas da vida humana, buscando pela claridade, a exemplo da arquitetura que projeta edifícios leves e transparentes, evitando-se qualquer tipo de escuridão.

Sem dúvida é a vitória da luz, mas apenas no que toca à face exterior, em relação ao mundo em que vivemos, o Planeta Terra.

Todavia, o que nos leva a redigir tais apontamentos é a importância de uma outra espécie de luz, que, sem desmerecer o valor do brilho externo, é mais significativa no seu objetivo, pois visa desenvolver a luminosidade interior do Ser espiritual.

Desde tempos primordiais o homem é impulsionado ao  bem e ao amor, pois carrega dentro de si a centelha divina, força geradora de luz que o faz avançar no caminho libertador da ignorância e das imperfeições. Combate árduo que trava consigo mesmo, sem trégua, de resultados pouco relevantes em face dos inúmeros apelos ao prazer, à ilusão e demais paixões inferiores.

Nunca faltou ao Ser terrestre o apoio dos Missionários da Luz que, em todas as épocas da história humana ensinaram doutrinas estruturadas nos bons sentimentos e na fraternidade que deveria preponderar no convívio de todos os povos.

Embora os tristes acontecimentos que pontilham os dias de hoje, os roteiros de luz para que a Terra alcance a paz já se encontram traçados. A transformação do homem velho em homem novo será o fator responsável pelo sucesso da mudança da paisagem terrena.

O advento do Espiritismo forneceu a esse homem conturbado e infeliz, os instrumentos que o levarão à conquista da alegria de viver, de amar e sentir a paz que decorre da consciência livre de culpas e do comportamento reto.

O tempo que lhe foi dado viver na carne deve ser valorizado sem perdas de oportunidades, pois, tanto os momentos de felicidade como os de sofrimento têm limites, e por isso mesmo, logo perdem seu significado, o que vale dizer que de cada experiência tire-se o melhor proveito, sem fixações em sofrimentos inúteis.

Todos os esforços devem ser empregados para sua iluminação interior.

Por não compreenderem a brevidade da existência física, os seres travam batalhas insanas entre si, dando vez aos sentimentos ferozes que ainda permanecem em seu íntimo, permitindo que a violência e o ódio sejam mantidos na Casa Planetária em que habitam.

A luz é símbolo de evolução espiritual, e à medida que cresce em nós, afugenta as sombras que nos envolvem, iluminando não apenas nossos passos como também dos que nos acompanham.

Onde há luz, há porto seguro. Que o diga o viajante que ao se perder pelos caminhos, apavora-se quando a noite chega, mas se acalma quando avista, a distância, um fraco ponto de luz assinalando a morada daqueles que o socorrerão(1).

Jesus disse: “Brilhe vossa luz!” Sabemos que ainda é bruxuleante a chama luminosa que vibra em nosso âmago, mas, mesmo assim, atrai muitos dos que se atrasaram pelos caminhos, a noite chegou e se fechou sobre eles. Eis aí a chance de dar início às tarefas do bem, porque, mesmo tendo tão pouco, possuímos o bastante para dar amor em nome do Cristo.

Hermínio C. Miranda, conceituado escritor espírita, em sua obra “Candeias na Noite Escura” cap. 1, diz:

“Que brilhe a nossa luz humilde, alimentada pelo combustível do conhecimento e da caridade que começa a arder em nós. A hora é de dores, muitas e grandes; de desorientação e desespero; de ódios e crueldades. Hora de ajustes aflitivos e desenganos dolorosos. Mas é também de revelações maravilhosas, de descobertas memoráveis, de conquistas deslumbrantes, de oportunidades raras se, com muito amor e humildade, procurarmos em nosso próprio território íntimo o rastro luminoso que o Mestre deixou em nós.

Há séculos que ouvimos a Sua palavra, repetida insistentemente. Há séculos que muitos de nós a pregamos à nossa maneira, obscurecida pelas paixões e incompreensões que nos toldam a visão.

É chegado o tempo de fazê-la florescer e frutificar. É, assim, muito bela a tarefa que temos diante de nós, os que começamos a soletrar o bê-a-bá do conhecimento espiritual: incumbe-nos a responsabilidade e a alegria de transmiti-lo, proclamando aos quatro cantos da Terra que somos Espíritos sobreviventes a caminho de Deus. E que, por estranho que pareça, Deus está também em nós. “Vós sois deuses!”, dizia Jesus.

Que brilhe a nossa candeiazinha humilde que não ilumina mais que uns poucos palmos à volta. Há irmãos tão desesperados que anseiam até mesmo por essas migalhas de luz.

Um dia seremos um clarão de amor fraterno, tal como nos quer o Príncipe da  Paz”.

 

Yvone

 

(1) Hermínio C.Miranda in Candeias na Noite Escura – cap. 1.

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