Muito se discute sobre quanto o meio nos influencia, como as redes sociais, a mídia impressa e eletrônica e todas as tendências nos transformam em meros coadjuvantes dos desejos de grandes marcas e corporações. Essa influência pode ser bastante percebida em nossa vida material: o novo (mesmo que desnecessário) é apresentado como necessidade primária, e o ciclo de consumo resume a existência de gerações.
Sob o aspecto moral, igualmente, tendemos a buscar no outro as causas para nossas falhas: são pais que condenam as más companhias, professores que enfrentam a deseducação dos alunos, e por aí vai… a palavra de ordem é justificar situações de conflito que nos alfinetam o Espírito apontando fatores externos como culpados.
Nessa linha de raciocínio, poderíamos justificar nossas frustrações presentes por conta de um “casamento desajustado” de nossos pais, alegando que não tínhamos, no seio familiar, bons exemplos de afeto e de respeito. Ou ainda, responsabilizar unicamente as “más influências” como condutoras do jovem que se refugia nas drogas (lícitas ou não) ou nas experiências que põem em risco a sua integridade física.
É claro que o meio interfere sobre nós, na qualidade de receptores de energia, mas também somos emissores e, assim, nossa energia também é irradiada para pessoas e ambientes.
Isso ocorre porque tudo o que existe no Universo tem o mesmo ponto de partida: o Fluido Cósmico Universal (FCU), um elemento ainda desconhecido da Ciência, mas muito referido pelo Plano Espiritual.
Em A Gênese[1], Kardec identifica o Fluido Cósmico Universal (FCU) como elemento que preenche todos os espaços interatômicos existentes em nós e em tudo o que nos rodeia. O filósofo e pesquisador espírita italiano Ernesto Bozzano (1862-1943) dedicou-se ao estudo dos fenômenos Espíritas, concluindo que estaríamos mergulhados no que chamou de oceano espiritual ilimitado, e todas as coisas e pessoas que existem no Universo estão contidas ou contêm esse fluido, que se modifica conforme a densidade e necessidade de cada planeta.
O FCU modificado para a densidade da Terra gerou outro elemento, o Fluido Vital (FV), essencial para nos dar a vida. Kardec explica a origem e a essência do FV, que extraímos do livro A Gênese[2]: A vitalidade presente no corpo físico e no perispírito dos seres vivos é fornecida e alimentada por um elemento abundante na Natureza: Fluido ou Princípio Vital. Assim, “Há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível, e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivo, esse princípio se acha extinto no ser morto (…).”
Quando interagimos nos ambientes e com as pessoas, promovemos essa troca fluídica, o que nos leva a afirmar que também podemos interferir no meio e até influenciar pessoas. Portanto, seria mais prudente avaliar o que podemos mudar (em nós e nos ambientes que frequentamos), antes de culpar terceiros pelas energias não tão salutares desses espaços.
Esses fluidos, ainda ignorados pela Ciência, estão longe de figurar em uma tabela periódica, na qual cada elemento químico é identificado a partir do número de átomos em sua molécula. Mas Kardec se refere a eles com a expressão “estado de eterização”, justamente para designar algo que ainda não temos capacidade de compreender. Essa matéria, que pode ser utilizada pelos Espíritos desencarnados para as construções no mundo espiritual, como as Colônias descritas por André Luiz, também pode ser manipulada pelo nosso pensamento, quando encarnados. Eis aí a influência que podemos exercer sobre o meio.
Tudo parte do pensamento – para o bem e para o mal. Somos uma fábrica de pensar e tudo aquilo que passa por nosso pensamento, de acordo com a intensidade e desejo, pode tornar-se mais próximo da realidade. As irradiações do nosso pensamento deixam vestígios compostos por fragmentos dos pensamentos que emanam de nossas emoções. André Luiz os chama de rastros fluídicos. Portanto, podemos ser capazes de gerar a paz e a calma ou provocar um grande clima belicoso nos ambientes em que frequentamos. O que definirá nossa cota de participação na energia do meio é a qualidade de nossos pensamentos.
O que nos perguntamos é: o que fazer para manter essa energia positiva e equilibrada? Orar e vigiar, manter a fé viva, elevar o pensamento em prece quando perceber que podemos nos influenciar por energias ruins e, acima de tudo, estocar pensamentos positivos para manter nossa mente em boa sintonia. É importante também cuidar do corpo físico, respeitando esse invólucro que nos foi concedido. Os abusos, de uma forma geral, podem até comprometer nosso “estoque” de FV, levando à sucumbência da matéria. Como nosso períspirito é uma fonte permanente de fluido vital, ele pode ser reposto magneticamente através da boa sintonia. Só a prece permite a plena recuperação de perdas magnéticas. Não menos importante é a preservação do nosso estado psíquico, afetado igualmente quando nos sintonizamos com energias inferiores.
Ao estudarmos a Doutrina Espírita, incorporamos mais informação para a prática do bem. Descobrimos os processos de adoecimento da alma, esclarecemos situações que poderiam nos conduzir a quadros depressivos e aprendemos a cura pelo amor ao próximo e pela caridade. Mas um dos maiores ensinamentos está na responsabilidade que temos sobre o outro e sobre os ambientes. Atentos ao poder do pensamento, vamos canalizar nossas energias para o bem, assumindo nossa responsabilidade ao invés de buscar culpados para os problemas cotidianos.
Vanda Mendonça
[1] A Gênese, capítulo X
[2] Ibidem, ítem 13