Logo em seguida ao segundo fenômeno da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus e seus discípulos embarcaram com destino a Dalmanutha.
01Foi quando os fariseus O tentaram, pedindo-Lhe fenômeno celestial, conforme relata Marcos (8:11): “E saíram os fariseus e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do Céu”.
Em resposta, Jesus disse-lhes que àquela geração não se daria um sinal. Deixando-os, tornou a entrar no barco e rumaram para o seu destino.
A caminho, os discípulos lembraram-se de que não tinham o que comer, senão um único pão. E começaram a questionar entre si. Jesus então os observou: tendo olhos não veem? Tendo ouvidos não ouvem? Não se lembram do que ocorreu pouco tempo antes, quando parti 5 pães para saciar a fome de 5 mil pessoas e sobraram 12, e quando da última vez quando parti 7 pães para 4 mil pessoas e sobraram exatamente 7, sem contar os peixinhos? Finalizou o ensinamento deixando claro que eles ainda não haviam entendido a mensagem.
O sinal foi dado a quem estava junto dele. Nem estes o entenderam. Conferiram a carência de alimentos; ouviram-no; e testemunharam as pessoas saciadas. Este o fenômeno materialmente apreciável, cujo conteúdo espiritual passou ao largo.
Os discípulos, conquanto fidelizados à Doutrina do Cristo, ainda não compreendiam os fenômenos da Natureza, nem o suprimento das necessidades humanas pelo emprego do magnetismo. Donde se concluir que não adianta dar sinais para quem não tenha capacidade de entendimento sobre as coisas que estão acima de uma lógica limitada aos sentidos materialistas. Não obstante, o sinal foi dado, conquanto aparentemente prematuro, porque as revelações têm por objetivo despertar o interesse do Ser humano para o desconhecido, fonte de seu enriquecimento.
Se os fariseus exigiam de Jesus um sinal do Céu que lhes fosse palpável e direto, como a voz dos anjos a lhes trazer comprovações sobre a existência da vida espiritual e respostas para todos os questionamentos da vida, ainda hoje há discípulos que se prendem a isso.
Indagam, no silêncio íntimo ou a médiuns conhecidos, acerca de eventual possibilidade de saída para suas aflições e dúvidas, como se o auxílio viesse sistematicamente do exterior ou como se os Espíritos amigos devessem estar de plantão para solucionar questões independentemente do merecimento de cada um, em autêntica leniência quanto a suas próprias provas e expiações. Evidentemente, não obtêm resposta.
Os Espíritos do bem e responsáveis diante da Lei, não se prestam a esse tipo de atendimento, mesmo que tenham conhecimento sobre as causas das dores. Ajudam naquilo que podem, seja através da inspiração, seja através de inúmeros métodos de transfusão de energia magnética. E muito fazem nesse sentido, sem que os encarnados o percebam.
Para o leitor amigo ter uma pálida ideia acerca da atuação constante e efetiva dos Benfeitores Espirituais sobre os irmãos ainda atados ao corpo físico, recordamos a revelação que o Irmão Francisco – dirigente de um Grupo Socorrista vinculado à Colônia Nosso Lar – deu a André Luiz, após o atendimento exitoso a um paciente que havia passado pela Experiência da Quase Morte (EQM). Relatou que existem inúmeras turmas de socorro que colaboram nos círculos da Crosta, contando com milhares de servidores ligados a diversas regiões espirituais mais elevadas, sendo certo que a atividade específica do Grupo de Francisco é auxiliar doentes graves e agonizantes, transmitindo-lhes energia para que tenham paciência, calma, conformação, resignação e serenidade apesar da situação desesperadora fruto da doença, do desequilíbrio e da iminência da morte. Justamente em virtude dessa interferência, é que eles passam a ter uma paciência inesperada, que os familiares não compreendem.
É verdade que os trabalhos de materialização se tornaram famosos no passado. Muitos céticos procuraram por esses fenômenos em busca de sensacionalismo, e mesmo para obter a prova de alguma fraude, a fim de ridicularizar o Espiritismo nascente. Outras pessoas, dentre elas muitos espíritas, inscreviam-se para essas reuniões, visando obter prova concreta sobre aquilo que aprendiam na teoria, revelando uma curiosidade insana. Quando desatendidos, sentiam sua fé abalada. As mesas girantes, os efeitos produzidos por Espíritos Batedores foram os sinais necessários e oportunos para despertar a Humanidade para o estudo das coisas transcendentais. Eram sinais do Céu para o homem dos Séculos XIX e XX.
Nos dias que correm, todos os fenômenos Espíritas já obtiveram a confirmação da Ciência. Com efeito, as materializações, os efeitos físicos, as desmaterializações, transporte de objetos provocados por mentes inteligentes com o auxílio das energias magnéticas despendidas por agentes encarnados dispensam sua reprodução. No caso de transporte de objetos, por exemplo, ocorre uma rápida desintegração e reintegração molecular, mantendo-se a matéria suas características. Ernesto Bozano, no início do século XX, coletou inúmeros casos sobre esse tipo de fenômeno, atribuindo-lhes, conforme o caso, as denominações de apport e endoport, conforme revela sua obra intitulada FENÔMENOS DE TRANSPORTE, editada pela FEB.
O homem de hoje já evoluiu o suficiente para buscar, por si próprio as fontes do saber a fim de alicerçar sua fé raciocinada. Ele não precisa mais das demonstrações sobre a sobrevivência da alma, sobre as reencarnações, sobre o intercâmbio dos Espíritos desencarnados e da permanente inspiração que eles exercem sobre os encarnados. Basta-lhe buscar na farta bibliografia espírita – autêntica fonte de conhecimento – e se dedicar ao necessário recolhimento com o auxílio da prece para absorver as boas inspirações, e seguir o comando mental objeto de sua sintonia.
Este é o tempo do subjetivismo, que substituiu as experimentações primitivas, conquanto ainda agradável aos inseguros. Por isso, os sinais de hoje são outros, mais sutis, a serem alcançados por mentes que se preparam para ter olhos de ver e não de simplesmente enxergar; que saibam ouvir e entender e não simplesmente registrar os sonidos materiais absorvidos pelo equipamento auditivo. A cultura dissipa dúvidas. Estudemos as obras da Codificação e as que lhe são complementares.
Marcus Vinicius
FONTES:
VINHA DE LUZ – pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier – FEB – cap.145;
MISSIONÁRIOS DA LUZ – idem, ibidem, cap. 7 – SOCORRO ESPIRITUAL.