A capacidade de se obter êxito na aquisição de determinado conhecimento está diretamente ligada ao desejo ou necessidade que temos dele. Essa máxima se aplica a qualquer estudo formal e não exclui, portanto, o da Doutrina Espírita. Isso porque, como nos demais setores da informação, há sempre muitas vias paralelas e perpendiculares do saber que nos confundem a trajetória reta e objetiva.
Embora a Casa Espírita trabalhe com leituras sistemáticas, sempre à luz do Evangelho de Jesus, as preleções têm um alcance proporcional à receptividade do assistido ao tema.
No capítulo terceiro de O Livro dos Médiuns[1], intitulado “Método”, Allan Kardec traça as orientações básicas para o acesso ao conhecimento. Faz uma ponderação interessante: sugere que o interessado deva tornar-se antes espiritualista (em oposição ao materialista), para só então buscar sua formação espírita. Isso porque o estudo, sem a prática, não conduz ao caminho desejado. Partindo da premissa de que todo ensinamento metódico deve partir do conhecido para o desconhecido, Kardec lembra que, para o materialista, o conhecido é a matéria, ou seja, que o estudo deve partir dela e de sua observação. “Falar-lhe de Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por onde ele deveria acabar”.
Deve, primeiro, compreender o tríplice aspecto da Doutrina – Ciência, Filosofia e Religião. Emmanuel, no livro O Consolador[2], complementa: A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém a Religião é o ângulo divino que a liga ao Céu. No seu aspecto científico e filosófico, a Doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual”.
O passo seguinte seria, ainda conforme nos orienta o Codificador, a leitura preliminar de O que é o Espiritismo, obra produzida no ano de 1859. Além de trazer uma biografia completa do autor, a publicação fornece noções do que seja o Espiritismo. Seria, assim, a leitura preliminar daquele que almeja compreender a base da Doutrina. Um alerta importante surge no capítulo dedicado à Conclusão de O Livro dos Espíritos[3], na qual Kardec lembra que não se deve julgar a força do Espiritismo pela prática de suas manifestações materiais. “Sua força está em sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso”.
A próxima etapa será conhecer as obras da Codificação. A primeira delas, recomendada no roteiro de Kardec, é O Livro dos Espíritos[4], na qual o autor traz, em sua introdução[5], mais parâmetros para seu estudo. Publicado inicialmente em abril de 1857, com 501 itens, ganhou versão final em março de 1860, com1018 itens, adotada até os dias atuais.
A brochura toda encerra a essência da Doutrina ao longo de suas quatro partes, e cada uma delas tornou-se a base para o aprofundamento dos temas, gerando assim as demais obras da Codificação:
Na Primeira parte – As Causas Primeiras, o autor fala de Deus, dos elementos do universo, da criação dos mundos e do princípio vital; dela surgiu, em 1868, A Gênese; Na Segunda parte – Mundo Espírita ou dos Espíritos – são fornecidos elementos de ordem científica sobre o mundo espiritual, quer por sua origem, quer pelas missões e ocupações dos Espíritos; esta etapa deu a base para O Livro dos Médiuns, em1861. A Terceira parte – Leis Morais aborda a Lei Divina ou Natural e as doze Leis que norteiam a Doutrina, e seu aprofundamento nos trouxe, em 1864, O Evangelho Segundo o Espiritismo. A Quarta parte – Esperanças e Consolações aborda as penas e os gozos e felicidades, ou seja, a “Justiça Divina” segundo o Espiritismo. Dela surgiu, em 1865, O Céu e o Inferno.
As leituras recomendadas, assim como as complementares, reforçam que o aspirante a Espírita tem nesse conhecimento a moral de Jesus, como os princípios que regem as relações entre encarnados e desencarnados. Porém, é o viés moral o mais belo aspecto do Espiritismo, como diria Kardec na Revista Espírita[6]: “É por suas consequências morais que (o Espiritismo) triunfará, pois aí está a sua força, pois aí é invulnerável”.
Aos amigos do Centro Espírita Caminho da Paz, Instituição Kardecista Cristã fundada em 29 de junho de 1969, vale a pena procurar a Secretaria para conhecer os cursos fornecidos para a difusão da Doutrina Espírita.
Vanda Mendonça
LINKS ORIGINAIS
O CONSOLADOR:
[1] O Livro dos Médiuns,85ª edição, 2008, IDE Editora, à pag.22
[2] O Consolador, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, em versão PDF, digitalizado em 2009 por luzespirita.org.br, à pág. 11.
[3] O Livro dos Espíritos, 181ª edição, 2009, IDE Editora, item VI, pag. 326.
[4] O Livro dos Espíritos, 182ª edição, 2009, IDE Editora
[5] Idem, pág. 7
[6] Revista Espírita, 1861, novembro, pag. 495.