Sem a colocação do princípio espiritual, no processo da evolução do homem, não têm sentido os argumentos elaborados na base do acaso. Outrossim, sem a clara compreensão das vidas sucessivas, mediante as quais o princípio espiritual evolve, somando experiências que lhe oferecem crescimento ao largo dos milênios, igualmente ficam destituídas de sentido e finalidade as chocantes diferenças culturais e técnicas entre os povos, que seriam uns constituídos por seres superiores em detrimento dos outros, não aquinhoados com as mesmas concessões, reciocínio, portanto, incompatível com a Justiça e o Amor de Deus.
A chave para decifrar a incógnita, neste como em outros casos, é a reencarnação.
Assim considerando, a Vida possui uma finalidade, uma direção que vai sendo conquistada através de sucessivas etapas, sem interrupção do progresso, sem aniquilamento, o que nos conduz à conclusão de que o homem atual não é o fim da cadeia evolutiva, senão um elo intermediário, que se aprimorará cada vez mais até afinar-se em perfeita identidade com o seu Criador.
Através das experiências conseguidas em cada renascimento, o Ser impõe-se liberdade ou cárcere, beleza ou deformidade física, saúde ou enfermidade, retomando para fruir o gozo e mais crescer ou para resgatar o erro e assim progredir.
As inclinações e inatas tendências, as aptidões e dificuldades da criatura atual têm a sua gênese nas existências passadas, que lhes são a base do progresso, ao qual se incorporam, por impositivo da evolução que não cessa.
Essa posição filosófica propicia luz aos complexos e sombrios problemas da miséria social, econômica e intelectual, demonstrando que os homens são todos criados iguais, portanto, irmãos entre si, não necessariamente, porém, gerados no mesmo instante, o que responde pelas diferenças do progresso que assinalam.
Com a continuidade do processo reencarnatório, o Ser espiritual lapida-se e desenvolve as potencialidades que nele jazem, herdeiro que é dos tesouros da Vida que o Pai Criador lhe concede.
Anulam-se, ante a reencarnação, as diferenças raciais, as posições humanas transitórias, as situações financeiras que são, apenas, meios de aprendizagem, de enriquecimento interior, faixas pelas quais todos transitarão na faina do crescimento a que se destinam.
A cada um, portanto, cumpre avançar ou retardar a marcha, conforme o esforço que empreenda na aquisição da felicidade.
Como não cessa a Vida, nunca se acaba a conquista de valores mais amplos, mais infinitos.
Antônio J.Freire / Divaldo P.Franco in “Roteiro de Libertação”