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Estamos vivendo uma fase de transição da vida terrena em que as perturbações de ordem psíquica se alastram de maneira alarmante.

Basta que se olhe para um tempo de oito décadas à retaguarda e se verificará o progresso que a marcha planetária vem alcançando dentro dele, de forma acelerada para um futuro melhor.

Causa espanto, entretanto, que as condições de ordem espiritual não sofreram significativas transformações ao longo dos evos.

Se por um lado o homem de hoje dispõe de meios tecnológicos pelos quais, caso o queira, pode examinar de perto fatos e ocorrências do mundo, por outro, não possui autoconhecimento suficiente para analisar a si mesmo de maneira construtiva.

É capaz de invenções que muito o auxiliam na aquisição de informações e cálculos relevantes no aspecto profissional e social, mas ignora quase que por completo as engrenagens que comandam as leis de causa e efeito que lhe direcionam as experiências.

Desconhece os poderes do espírito, embora faça uso da energia nuclear.

Demanda voos espaciais, mas tem dificuldade em conviver com um seu igual, tendo muitas vezes de receber aulas de relacionamento humano para desfrutar o mesmo espaço com companheiros que não sejam simpatizantes do seu modo de pensar ou de crer.

É campeão em vacinar-se contra as doenças que podem levá-lo ao desencarne, mas não sabe imunizar-se contra os perigos do ódio,

Enfim, enfrenta obstáculos e desafios na conquista do aprimoramento intelectual mas não maneja, senão imperfeitamente os valores da alma.

Observamos que a Humanidade atual progride nos domínios da natureza física, horizontal, mas, isso não basta para que alcance a verticalidade em voos de plenitude.

Há que se adaptar os corações às Leis do Bem que Jesus nos legou de modo que o espírito de fraternidade e respeito seja dominante, irmanando as criaturas.

Esses desarranjos comportamentais têm como causa primordial, o egoísmo, que nada mais é do que uma deformação do egocentrismo.

Diz Herculano Pires: “Todos somos naturalmente egocêntricos, pois o egocentrismo é a base da individualidade e consequentemente da personalidade. A pessoa humana é um ego conscientemente definido. E é necessário que assim seja, pois do contrário não seríamos um Ser, uma consciência estruturada e capaz de agir”.(1)

A fase infantil é preponderantemente egocêntrica. A criança tem suas necessidades básicas preenchidas por aqueles que a cercam, o que a faz sentir-se o centro do Universo. Todavia, esse comportamento natural, perde força à medida que deixa de ser dependente e percebe que tem de compartilhar. Conservá-lo causará um desvio de conduta que poderá descambar para o egoísmo (egocentrismo deformado) que se apresenta sob vários aspectos, dentre eles a arrogância, avareza, comodismo, ganância e sobretudo falta de respeito pelos outros.

Uma personalidade arrogante, por exemplo, menospreza os que com ele dividem espaço, seja familiar, social, profissional ou religioso, porque atribui a si mesmo uma suposta superioridade moral, social, inelectual ou de comportamento, demonstrando em qualquer circunstância, altivez e orgulho excessivo.

A avareza se manifesta pelo medo de perder o que tem, tornando a pessoa incapaz de ofertar algo de seu a alguém, assim como a ganância se identifica em querer tudo para si, sem considerar a necessidade do outro.

Para o comodista, a sua satisfação está acima de tudo, evitando, por isso mesmo, assumir responsabilidades, afastando-se das dificuldades.

Note-se que os exemplos citados revelam uma característica doentia, em que se observa latente a falta de respeito pelos outros. Esse é o fruto espinhento do egoísmo, gerando conflitos no lar, na sociedade, nas nações.

Xingamos, insultamos, julgamos e interferimos na vida alheia com a maior facilidade, sem nos darmos conta de que assim agindo, colaboramos com o maior flagelo que assola o mundo: o egoísmo

No interior dos sítios espíritas encontram-se os que estão incumbidos de restabelecer o Cristianismo na Terra, portanto, são os que se acham mais aptos a compreender esse problema. Entretanto, não é incomum encontrarmos companheiros que, por absoluta falta de respeito ao próximo, desejam, sem o mínimo de conhecimento doutrinário exigível, reformar a Doutrina e superar Kardec.

O egoísmo, gerando perturbações de toda ordem retarda o progresso espiritual do homem terreno, e por mais que as técnicas exteriores avancem no intuito de promover felicidade e bem-estar às criaturas, sem os valores morais que impõem respeito, disciplina, ordem e amor para com tudo e com todos, não passaremos de personalidades vazias de conteúdo digno e nobre, pouco ou quase nada mudando a individualidade que representa o Ser na sua plenitude.

Para que a individualidade (Espírito) alcance graus evolutivos consideráveis faz-se necessário que a personalidade que lhe caracteriza a existência na carne sofra os devidos reparos, alijando do psiquismo os entraves que inibem o progresso.

Combater o egoísmo é a palavra de ordem. E isso só é possível, exercitando o respeito mútuo, segundo as Leis do Bem que Jesus nos legou.

 

Yvone

 

Fonte de consulta:

Na Era do Espírito – F.C.Xavier / J.Herculano Pires / Espíritos Diversos – cap. 17

(1) Idem.

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