Skip to main content

Em face do mal que ainda vigora com toda sua força no campo das atividades humanas, habituou-se, o homem, a tecer críticas e comentários apressados sobre os maus comportamentos adotados pelas criaturas que ainda se encontram às voltas com suas paixões inferiores. Emitem sentenças definitivas, não abrindo espaço para possíveis mudanças: “não tem mais jeito”, “está perdido para sempre”, “pertence às trevas”, “é o diabo em pessoa” etc.

Todavia, se forem observados os fenômenos da Natureza regidos pelo Criador da vida, ver-se-á o perfeito funcionamento de Suas sábias Leis. Assim, o pântano lamacento será propício à fertilidade, que fará germinar flores de beleza e encantamento. Sorte semelhante terão as pedras ásperas, cuja solidez será responsável pela sustentação dos edifícios. Tanto o pântano como as pedras, processados pelas mãos do homem, transformam-se em elementos úteis ao meio ambiente em que se encontram.

Se assim acontece com os reinos classificados pelos humanos como inferiores, por que não haveria de suceder o mesmo com o reino hominal que já alcançou a razão? Não se pode olvidar que os princípios da Lei Universal vigoram de forma equânime em todos os aspectos da vida.

Tenha-se, portanto, um olhar diferente a todos aqueles que se acham em posições que fogem das diretrizes superiores.

O irmão deslocado da linha de conduta do amor, e que, por isso mesmo mata o seu semelhante, ostenta o título de criminoso; mas, poderá ser, no rolar do tempo, através das sucessivas experiências reencarnatórias, nas quais as arestas pontiagudas de sua personalidade serão aparadas, o enfermeiro prestimoso a curar e reabilitar aqueles de quem um dia, no passado longínquo, exterminou a existência.

Enxergar o trânsfuga da Lei, com sabedoria, significa descobrir nele qualidades nobres ignoradas, que se acham acobertadas pela capa das atrocidades.

O ensinamento do Cristo sobre o grão de mostarda, que embora minúsculo contém toda a potencialidade da árvore que será um dia, aplica-se também aos seres humanos, que foram criados por Deus à Sua semelhança, isto é, com todas as virtudes em estado latente, passíveis de serem desenvolvidas, portanto, seres perfectíveis. Escaparia, o criminoso, dessa Lei? Obviamente, não.

Isto não significa que se fecharão os olhos do Altíssimo diante das condutas delinquentes perpetradas pelo infeliz, porém, que sofrerá a Justiça ínsita na Lei, que não condena para todo o sempre, mas recupera para a vida eterna, através de um ajuste doloroso, equivalente ao mau uso que fez de seus dons inerentes; da mesma forma que a Natureza bruta (pântano, pedra) “sofre” o processamento através de máquinas poderosas de sorte a extrair-lhe a utilidade intrínseca.

Corroborando esta linha de pensamento encontramos em Mateus, 12:20, o seguinte; “Não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo”. Esse ensinamento é altamente simbólico, identificando a conduta de amor do Cristo, que não condena, mas aponta o caminho da recuperação.

Não esmagar a cana quebrada e nem apagar o morrão (pedaço de corda com uma extremidade em brasa) que fumega, são duas figuras de linguagem expressando o mesmo objetivo, isto é, reparar estragos.

A cana quebrada, o morrão ainda fumegante, simbolizam os Espíritos culpados nos quais sempre há, ainda que muito fraca, uma tendência para se melhorarem. Jesus, então, longe de os repelir, o que seria o mesmo que quebrar de todo a cana e a apagar o morrão fumegante, os recupera para o cumprimento da Justiça, isto é, pelas provas e expiações de modo a se despojarem do que os mantêm imperfeitos.

Para que tudo ocorra conforme está previsto na Lei, há um tempo de espera.

É assim que ao curar os cegos, paralíticos, surdos, mudos, leprosos etc., não os libertava do cumprimento das obrigações e responsabilidades que foram suspensas em função dos tantos desvios cometidos, afetando-lhes os meios de ação (corpo físico) que, ao voltarem à normalidade deveriam dar sequência aos propósitos de elevação interrompidos. Devolvendo a saúde ao corpo doente, esperava, o Mestre, que o Espírito, durante todo o tempo de expiação houvesse aprendido a lição e retomasse, daquele momento em diante, seu percurso na estrada da redenção.

Se o Sublime Pastor espera pelos homens, até hoje, por que não podem, esses mesmos homens, esperar pelos companheiros que ainda se encontram enredados nas malhas da ignorância e dos desatinos, ofertando-lhes meios de libertação?

E quando somos nós os desajustados?…

Façamos aos outros, o que gostaríamos que nos fizessem.

 

Yvone

 

Fonte de consulta: “Caminho, Verdade e Vida” – Emmanuel / F.C.Xavier- cap.162

Leave a Reply