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Camille Flammarion foi um dos mais conceituados astrônomos da França. Escreveu um livro intitulado “Deus na Natureza” cujo tema central é “Todos os elementos da Natureza expressam o caráter de Deus”. Vemos isso de forma nítida na cultura chinesa antiga.

Diz Emmanuel, reportando-se à China milenar, em sua obra A Caminho da Luz: “[…] A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas incessantes no seio da Natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da atividade de todos os mundos e de todos os seres. Cada individualidade, na prova, como na redenção, como na glória divina, tem uma função definida de trabalho e elevação dos seus próprios valores. Os que aprenderam os bens da vida e quantos os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos de Deus”.

O povo chinês é o que demonstrou mais sabedoria para compreender isso. Estudaram a Lei Divina observando a Natureza, e escreveram um livro sagrado com essas experiências, o “I Ching” (Y King) ou Livro das Mutações. Por exemplo, observavam o vento na montanha, a água na terra, as nuvens no céu e analisavam: como o vento se comporta? Como a montanha se comporta? Como a água se comporta frente aos obstáculos que a terra se lhe opõe? Como o bambu se comporta em relação ao vento? Perceberam nessas observações, que a Lei que rege os elementos químicos da Natureza é a mesma que rege o relacionamento de Deus com os Espíritos. Os princípios são os mesmos. Entenderam que, cada experiência que o Ser vive exige uma atitude condizente com aquela experiência. Dessa forma, há situações em que é preciso ser “água”, outras em que é preciso ser “vento”, “montanha”, “frio”, “dia”, “noite”. A situação determina como se deve lidar com ela. Se, porém, a reação comportamental se processa sempre da mesma maneira, só “pedra”, embora sejam diferentes as experiências, corre-se o risco de ficar estacionário na escalada evolutiva, que exige conhecimento e iniciativa para mudar hábitos engessados.

A Lei Moral atua na formulação das lições necessárias ao burilamento do Espírito, processo esse que a reencarnação viabiliza, e que, pelo livre-arbítrio, a criatura reagirá com aproveitamento das experiências, ou não, caso opte por enfrentar as ordenações da Lei.

Em razão disso, se faz necessário o exame de como são recebidos os acontecimentos forjados segundo as necessidades de cada um. De que forma as criaturas reagem na hora do testemunho? Um pouco mais de atenção à questão proposta e se verá que as circunstâncias, em si mesmas, não são relevantes, mas, as reações diante delas é que fazem a diferença.

Quantos chegam ao cenário terrestre com um corpo saudável, capacitado para vencer os embates que lhe foram programados, e não exitam em utilizá-lo mal, acarretando sérios prejuízos ao Espírito? Ao passo que muitos, cujos corpos estão estigmatizados por enfermidades dolorosas, conseguem transformá-lo em instrumento de ascensão espiritual. Da mesma forma, há os que gozam de imensa fortuna material e a esbanjam de forma desordenada, incorrendo em graves perturbações de ordem moral, enquanto outros, em extrema penúria, conseguem, pelo esfoço contínuo, transformar a situação precária em degrau de acesso a conquistas superiores. Esses são exemplos que refletem as reações comportamentais de cada um diante da experiência.

Convém que se percorra, vez por outra, com o olhar, os longos trechos da jornada já vivida, e que se reflita sobre os acertos e desacertos cometidos. De que forma é utilizado o reconforto recebido em hora difícil? Que tipo de reação se deve adotar frente à colaboração de amigos e má vontade dos adversários? Que direcionamento é dado ao que se possui, que se recebe, que se sabe, que se desfruta?

Leitor amigo! Será interessante ponderar sobre tais questões, que, à primeira vista, podem ser de utilidade nenhuma, mas que têm grande peso e poder de decisão quanto ao futuro espiritual de cada Ser. Já disse o Divino Mestre: “A cada um será dado segundo suas obras”, que se pode interpretar como: a reação dos homens perante os acontecimentos da vida é que decidirá sobre seus próprios destinos.

Quando estiverem findas as obrigações que lhe foram destinadas, o homem prestará contas ao Senhor, inevitavelmente; e responderá por si próprio, porque ninguém dará contas do que a outro pertence [“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” – Paulo (Romanos, 14:12)].

Distante de Deus e das coisas espirituais, os homens modernos pouca importância dão aos fenômenos que escapam ao sentido grosseiro da matéria, pois que se acostumaram aos prazeres imediatos, transitórios, que de certa forma escondem a realidade existencial que não querem enfrentar. Reagem ao sofrimento e às aflições com revolta e impropérios, culpando o Criador pela sua desdita. Fogem à compreensão dos fatos porque, no íntimo, sabem que ninguém escapará à Lei, e conhecer os motivos que causaram as dores implica mudança de atitude, assumir responsabilidades…

Aproximar-se de Deus é fazer o caminho de volta, retornar à simplicidade e encontrar no comportamento da Natureza que o envolve, o estímulo a reações adequadas, de conformidade com as lições que lhe são necessárias para a própria evolução.

Yvone

Fontes: – O Evangelho por Emmanuel – Cartas de Paulo – psicog. F.C.Xavier – Reações.

– Caminho, Verdade e Vida – Emmanuel / F.C.Xavier – cap. 50

– A Caminho da Luz – Emmanuel / F.C.Xavier – cap. VIII

– #009 – Haroldo Dutra Dias – Estudo de “O Livro de Gênesis”

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