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Para o casal, a notícia da gravidez reveste-se de grande alegria, pois representa a coroação da união constituída nas bases sólidas do amor.

A partir daí crescem as expectativas em torno da nova criaturinha que habitará o lar, e as ansiedades se multiplicam em torno da criança tão esperada: será bonita? Sadia? Inteligente?

Se ocorre o contrário do que se deseja, deve-se ter em mente, em primeiro lugar, que se trata de um Ser humano, um filho de Deus, como todos o somos. Em segundo lugar, que se vem para junto de nós um Espírito condicionado a certas limitações, alguma razão deve existir, sendo necessário aos pais, entender que a desarmonia, o desajuste, são circunstanciais, por tanto, transitórios.

Há que se considerar ainda, que a duração do sofrimento está diretamente ligada com as causas que motivaram o problema, por isso, há os que padecem por um espaço maior ou menor de tempo, levando-se em conta não só a natureza dos enganos cometidos como também o esforço empregado em se acertar com a Lei.

Isto posto, resta explicar que os pais de uma criança com limitações estão, de alguma forma, envolvidos na questão; em geral têm uma parcela de responsabilidade perante aquela criatura, mesmo que não sejam obrigatoriamente culpados.

As Leis de Deus englobam a perfeição absoluta, e foram feitas para conduzir o Ser humano à sublimação, evidentemente com o empenho do interessado; e justamente porque têm o objetivo de nos levar aos mais altos patamares da perfeição, atua de forma a corrigir e trazer de volta ao caminho reto aquele que se desviou nos labirintos da má conduta. Acionam dispositivos próprios para executarem tal incumbência, o que nos leva a compreender a assertiva: ninguém escapa à Justiça Divina.

Quando acontece de um filho nosso apresentar limitações físicas ou mentais, não só traz uma carga de sofrimento para si mesmo, como também para os pais. Difícil entender que nesse processo está contido o mecanismo de ação da Lei, que funciona como remédio sanando os enfermos (pais e filho).

A grande maioria que necessita desse processo doloroso não aceita os imperativos da Lei porque não está preparado para entendê-la, e toma-se de revolta, agravando mais a situação.

Reconhecemos que as provas e sofrimentos desse gênero muitas vezes são severas, mas, à luz da Doutrina Espírita e do Evangelho do Cristo, tudo se aclara.

O conceituado escritor espírita Hermínio C. Miranda, em sua obra “Nossos Filhos são Espíritos”, abordando esse assunto relata-nos o seguinte caso, que facilitará sobremaneira o entendimento do tema posto em estudo.

Diz ele que certo menino nascera em família de confortável situação financeira. Era um menino de boa aparência física, mas sem o necessário controle sobre o corpo. Tivera o cérebro danificado ao nascer, por causa de um sufocamento que tardou mais do que devia, ao ser clinicamente socorrido. Recuperada a respiração e a vida, o cérebro apresentava problemas irreversíveis. Além disso, a tomografia revelara exígua massa cerebral. O avô, médico competente, nada pudera fazer a tempo para salvar o neto, com o que se sentia profundamente deprimido. Eis aí, em síntese apertada, o que relata o autor.

Caro leitor, diante de uma situação dessa, é natural que se formule as perguntas angustiantes; por quê? Por que meu filho? Meu neto? Por que não foi possível fazer alguma coisa a tempo? Como poderia ter sido prevenido ou evitado o funesto acidente? De quem a culpa?

A família, tentando encontrar algo que lhe desse um entendimento do fato, procura por Hermínio, que à época realizava importante trabalho de ordem mediúnica, em busca de uma orientação.

Consultada a Espiritualidade, os Mentores do trabalho concordaram em trazer algum esclarecimento além de palavras de consolo e orientação. Disseram eles, que, pai mãe e filho fizeram parte em existência passada, de um triângulo amoroso. A jovem e um dos rapazes já estavam de casamento acertado, quando ela se apaixonou pelo outro, atual pai da criança. Desesperado, num momento de desatino, o jovem preterido atirou-se de um despenhadeiro, danificando de maneira grave seu cérebro físico.

O atual avô, que era então, seu pai, tudo fez para salvá-lo, mas não o conseguiu, ficando marcado por profunda mágoa, pois amava muito o filho. Quanto à moça, uniu-se ao jovem de sua escolha.

Na inexorável precisão das Leis Divinas, o trio acabou marcando novo encontro para esta existência. Programaram os dois novamente se casar, e receberem o que outrora fora rival do rapaz e noivo rejeitado da moça. A Lei concedia, aos pais, a oportunidade de restituir a vida física àquele que a perdera por causa da rivalidade amorosa.

O noivo abandonado, por sua vez, cometera o grave erro do suicídio, causando males irreparáveis ao cérebro físico, com as inevitáveis e consequentes repercussões no sistema perispiritual. Cabe aqui um aparte: o dano ocasionado ao corpo pode até ser irrelevante, uma vez que ele se desintegra após a morte; entretanto, de extrema gravidade são os estragos causados ao perispírito, acarretando consequências funestas para o futuro corpo físico.

Como podemos observar, não há acaso.

Não somos encaminhados para a existência terrena programados para o suicídio, o assassínio, o crime em geral. Optando por essas práticas, e outras tantas que conspurcam a moral, seremos obrigados ao resgate doloroso.

Episódios como o relatado, embora variando em suas nuances, são mais comuns do que possamos imaginar. Sempre que, de alguma forma prejudicamos o corpo somático, dependendo da gravidade do prejuízo, em futura reencarnação seremos submetidos à experiência da limitação física ou mental.

Que lição nos traz esse estudo?

A de que filhos com limitações são criaturas com as quais, em geral, nos altercamos no passado e que nos cabe recuperar para o amor fraterno, não com o intuito de nos livrar delas, mas para lograrmos juntos a felicidade a que todos estamos destinados. Embora não seja uma tarefa fácil, podemos assegurar que é possível, é necessário, é indispensável.

 

Yvone

 

Fonte de consulta:

“Nossos Filhos são Espíritos” – Hermínio C. Miranda – cap. 19

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