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PENSAMENTO: ESSE GRANDE DESCONHECIDO

(ideias fixas; auto-obsessão)

Na resposta da questão 89, em O Livro dos Espíritos, Kardec afirma: “Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é a alma quem pensa. O pensamento é um atributo”. Entenda-se por “alma” o Espírito encarnado.

O Espírito (Ser pensante) encontra no cérebro a máquina que irradia a energia mental através de ondas, seguindo a direção que a vontade determina. O cérebro, portanto, apenas reflete o que o Espírito pensa, e o faz, seguindo a direção definida pela vontade. Ao dizermos que o Espírito quer, afirmamos que ele pensa e delibera, ao mesmo tempo.

Estando no Espírito a sede do pensamento, podemos concluir que os fenômenos intelectuais e morais manifestos durante a vida na matéria são de origem anímica e não orgânica; em destaque, o relevante papel da vontade, a conduzir os pensamentos pelos caminhos delimitados pelo caráter bom ou mau de seu portador. Daí infere-se que maus pensamentos provêm de Espíritos que ainda se encontram em faixas evolutivas inferiores, ao passo que os bons caracterizam Seres em ascensão no processo evolutivo.

A arte de pensar e suas implicações na vida dos indivíduos, os efeitos advindos de um bom ou mau pensamento, são questões que ainda escapam ao entendimento da maior parte das criaturas.

Em essência, o Ser humano vive aquilo que cultiva no campo mental, e movimenta-se na faixa dos pensamentos criados por ele. As ondas mentais contínuas que irradia, conjugam-se com outras de igual teor vibratório pelo mecanismo da sintonia, produzindo um intercâmbio mental de proporções maiores do que se possa imaginar, seja de forma consciente ou inconsciente, entre homens e mulheres.

Desejos inconfessáveis, mágoas e ódios, paixões inferiores, constituem energia mental a cruzar os espaços na direção de pessoas. Transtornos emocionais, tensão, angústia, muitas vezes têm origem nas irradiações negativas das mentes desequilibradas direcionadas àqueles que padecem tais distúrbios, produzindo-lhes sofrimentos aumentados. Vezes sem conta o estado de depressão, a autodepreciação, o pessimismo, são decorrentes da absorção de ondas mentais enfermiças.

Da mesma forma, estados de alegria, idealismo, realizações dignas, são gerados e mantidos pela mente em ligação com a ordem universal, vitalizando quem os emite.

Observe-se que, conforme o pensamento mantido, nesse mesmo padrão a existência se apresentará. Não se ignora que na ambiência terrestre predominam os intercâmbios mentais infelizes, mas também não se pode negar que energias psíquicas estimulantes, afetuosas, enriquecedoras são captadas pelos que se encontram em faixas de ondas superiores. É imprescindível o envolvimento do Espírito nos pensamentos do bem e na oração, meios esses de se conquistar forças mentais enobrecidas.

Cuide-se, cada qual, para não cair nas malhas das ideias fixas que levam à auto-obsessão, utilizando-se dos clichês mentais tão bem acalentados na mente doentia. Sobre este assunto André Luiz em sua obra “Libertação” relata o caso de um escritor desencarnado que vivia atormentado pelas próprias criações mentais negativas e destrutivas que descrevera em seu livro. Usara e abusara em seus escritos, da malícia, da volúpia, incentivando os mais jovens a cultivarem suas sugestões amorais. Na dimensão espiritual sentia-se atormentado por certas formas estranhas, como se fossem personalidades, somente visíveis aos seus olhos, e que o acusavam, rindo-se de sua situação. Eram as imagens “vivas” que seu pensamento criara e suas mãos de escritor registrara. Vemos aí o fenômeno de ideoplastia, ou seja, os personagens que criara voltavam como formas-pensamento para atormentá-lo. Este processo ocorre tanto com o Espírito encarnado como desencarnado.

Ideias fixas, clichês mentais alimentados por longo tempo, acabam criando formas-pensamento que, quanto mais cultivadas, mais se “vitalizam” causando danos incalculáveis aos que as abrigam.

E porque ainda se está longe de conhecer todo o poder criador e aglutinante do pensamento, faz-se necessário grande esforço de libertação das expressões perturbadoras da vida íntima. Não se cultive ideias de vingança, ódio, ciúmes, inveja etc., que possam desaguar no processo de auto-obsessão. Chegar nesse estado mórbido de criações mentais permite a sintonia com entidades de igual faixa vibratória, aumentando, assim, o curso e o conteúdo, produzindo processos obsessivos de difícil erradicação.

Aconselha Joanna de Ângelis:

“Envolve-te no pensamento do bem e ora sempre, a fim de que as tuas sejam forças mentais enobrecidas.

(…) Não te descuides do que pensas, do a que aspiras, do que falas e de como ages. Da mente procedem todos esses passos e se não a tens disciplinada, habituada aos bons direcionamentos, sofrerás as correspondências da reciprocidade”. 

A ninguém é dado jornadear pela Terra sem as experiências do sofrimento, muitas vezes advindas das incompreensões de amigos e familiares ou de adversários, que todos os têm. Todavia, cabe a cada um a escolha do padrão mental em que deseja permanecer, de modo a nutrir-se do sol da alegria, ou vestir-se de sombras que mais não são do que sentimentos doentios que se apoiam na acústica da alma.

 

Yvone

 

Fontes consultadas:

– O Livro dos Espíritos – Allan Kardec (Resposta da questão 89).

– Magnetismo Espiritual – Michaelus – cap. 4.

– Dias Gloriosos – Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis – cap.2

– A Obsessão e suas Máscaras – Marlene R.S. Nobre – cap. 4

– Mediunidade: Desafios e Bênçãos – Divaldo P. Franco / Manoel P. de Miranda – cap. 4

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