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Os fenômenos mediúnicos de efeitos inteligentes ainda não são aceitos pela Ciência oficial como intervenção de Espíritos desencarnados. São por ela classificados em patologias originadas nas diversas experiências pelas quais passa o Ser, no decorrer de sua existência, mormente as vivenciadas no período infantil, época em que são acalentados sonhos e desejos que não se realizam na vida adulta. Ficam, por isso mesmo, arquivadas no subconsciente, conforme explicam vários estudiosos da psique humana. Eclodem mais tarde, em manifestações que dão a impressão de tratar-se da alma dos mortos numa tentativa de comunicação, asseguram eles.

Pacientes que apresentaram esse tipo de transtorno, submetidos à técnica da hipnose, deixavam vir à tona desarranjos emocionais que, bem conduzidos pelo operador permitiam a catarse libertadora dos traumas e conflitos de que se achavam possuídos, consolidando a tese defendida pela classe médica.

Não há como negar que muitas frustrações da infância e juventude, guardadas nos cofres do subconsciente, poderão influir na conduta comportamental e emocional das criaturas. Tais fundamentos não devem ser descartados, mas não respondem por todos os fatores que podem causar esses desajustes.

Para que se possa compreender as questões que envolvem os fenômenos conhecidos por personalidades múltiplas, ou parasitárias, ou ainda intrusas é preciso também considerar a intervenção de Espíritos desencarnados por meio do processo obsessivo. Casos complexos de obsessão estão aí a exigirem das Ciências Psíquicas maior atenção e análise.

Há muitos profissionais nesse campo que já se interessam e buscam esclarecimentos espíritas, mas, não se trata da maioria. A Doutrina Espírita fornece amplo material de estudo que pode trazer luz ao entendimento desses mecanismos mentais bastante dolorosos.

Tendo por base a imortalidade do Espírito, o Criador concede às criaturas possibilidades de desenvolver suas potencialidades em sucessivas existências na carne, de sorte que, gradativamente, alcancem patamares evolutivos superiores. Nesse tentame devem fazer uso dos talentos que o Pai lhes conferiu ao criá-las. Ocorre, todavia, que em geral, os Seres não os aplicam condignamente, fazendo uso dessa dádiva de forma egoística, insensata, gerando dificuldades para outros e a si próprios.

A cada tomada de consciência (após o desencarne) dos erros cometidos, comprometem-se novamente a reparar os males causados, e mais uma vez tombam por incúria. Permanecendo nesse vai-vem sem proveito acabam por se envolver em tramas perturbadoras gerando conflitos existenciais que se arrastam por séculos. Ressentimentos, rancores, traições, desonestidades, mal resolvidos, criam ondas de ódio que atraem e imantam os litigantes. Essa a razão pela qual aumentam em número os indivíduos que se acham atados a processos obsessivos, forma pela qual se fará a depuração moral aos que abusaram da Lei. Percebe-se com clareza a ligação psíquica estabelecida entre agressores e vítimas, causando uma interferência maléfica, no campo de força mental dos encarnados que lhes sofrem aflitivas perseguições. Vítimas e verdugos se acham os “donos da verdade” e nenhum deles quer abrir espaço para o perdão.

O reequilíbrio para tais relacionamentos enfermos ocorrem na medida em que as práticas equivocadas são substituídas pelo bem que é possível ser feito em novas concessões encarnatórias. Os instrumentos de depuração têm nome: amor, benevolência, caridade, perdão transformando inimigos em amigos. Infere-se daí que àquele que se propõe a uma vida regrada em comportamentos dignos e ajustados à boa conduta moral, com paciência e persistência no bem, é possível alterar a paisagem em curso e até libertar-se da influência nefasta. Todavia, enquanto não se estabelece uma real mudança de intenções, uma alteração vibratória mental e moral, estará sempre predisposto à presença de personalidades intrusas, que passam a ter nas mãos as rédeas do seu controle físico e psíquico, conforme a gravidade do litígio que envolveu a ambos.

Pode-se constatar, pois, que muitas das personalidades múltiplas que se apresentam nas psicopatologias são entidades espirituais que, em sistema de cobrança, intereferem na vida do encarnado. Essa interferência não ocorre gratuitamente, como se viu. Há sempre uma causa que origina vínculos.

Outro fator a ser considerado são as reminiscências de vidas passadas, em destaque aquelas cujas experiências fortes predominaram e continuam emergindo do inconsciente profundo, assumindo controle na presente existência. Determinadas condutas vividas com intensidade falam forte no interior do indivíduo e acabam por descontrolar o psiquismo atual levando o Ser a conflitos existenciais.

O tempo hoje é continuação do ontem e terá prosseguimento amanhã. Em verdade, o tempo é imutável na sua relatividade; as criaturas passam por ele e escrevem sua história guardando no contexto suas realizações.

É bastante complexo o estudo das personalidades intrusas, mas pode-se deduzir que tais fatos ocorrem movidos pela insensatez e descaso dos homens perante a Lei Divina.

“Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, advertiu com sabedoria e solicitude: ─ Não faças a outrem o que não desejares que te façam, demonstrando que de acordo com a sementeira, assim será a colheita”.¹

Yvone

Fonte: “Personalidades Múltiplas” in Dias Gloriosos – Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis

(1) Idem

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