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Recordamos o magnífico estudo realizado por André Luiz sobre cérebro e mente humanos, contido no livro NO MUNDO MAIOR, segundo o qual as partes interconectadas daquele componente físico formam um conjunto unitário onde o psiquismo atua. O autor espiritual compara o cérebro a um castelo de três andares: no primeiro, residem os impulsos automáticos; no segundo, o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Seus equivalentes psíquicos são: o subconsciente, o consciente e o superconsciente.

Expressivo número de habitantes da Terra situa-se nos porões da mente, sem condições de perceber a realidade existencial. Seres que agem e reagem sem controle dos impulsos, deixando-se levar pelas emoções descontroladas. Escravizam-se às sensações do medo, do ódio, da ansiedade, da raiva, ao ponto de, muitas vezes, experimentarem processos depressivos, de confusão mental, de alienação etc. causas de transtornos psiquiátricos, violências, crimes, suicídios. Verdadeiras vítimas de condicionamentos!

Num estágio acima, desponta na mente a consciência e ela passa a comandar as emoções, objetivando a manutenção do equilíbrio. Estamos, então, diante de um indivíduo capaz de disciplinar seus sentimentos, trabalhar suas virtudes, programar sua gradativa melhoria moral. Daí passará à estação superior, denominada de superconsciência, ou supraconsciência, capacitado a compreender-se e a estabelecer com o semelhante uma relação saudável, com predominância da benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas (cf. questão 886 de O Livro dos Espíritos). Este Ser torna-se mais intuitivo, passando a manter notável intimidade com a Espiritualidade, fenômeno que se pode denominar de interexistência. O automatismo de outrora já não existe; acha-se liberto da influência de Espíritos infelizes, porque estes se afinam apenas com as mentes culpadas.

Esse instante glorioso, embora acessível a todos, não é de conquista fácil, pois exige despertamento, renúncia, disciplina e vontade. O primeiro passo a ser dado consiste no AUTOCONHECIMENTO como requisito para a autossuperação e ascensão de um piso ao outro nesse castelo. Para isso, a Doutrina dos Espíritos fornece o ferramental necessário, lembrando que esse processo de espiritualização deve ter início assim que descortinamos a janela do esclarecimento, para não retardarmos culposamente o processo evolutivo.

Cuidemos, pois, do autodescobrimento, que tem como fonte inspiradora a conscientização do Ser, que o leva a um conhecimento profundo das possibilidades criadoras e realizadoras, que trabalham pelo seu e pelo bem da sociedade onde se encontra. É preciso um constante renascer do indivíduo, pelo renovar da consciência. Nascer de novo no mesmo corpo é desdobrar as possibilidades para conseguir a consciência de si, libertando-se das condensações grosseiras da ignorância. O autoconhecimento desempenha relevante papel no adestramento do Ser para sua superação e perfeita sintonia com a paz. Consequentemente, contribui para eliminação das enfermidades que têm origem no psiquismo desordenado.

É necessário investir em recursos psicológicos e morais. Joanna de Ângelis dá a receita: a) diálogo íntimo, com muita honestidade consigo mesmo, para identificação do erro, do problema e, sem consciência de culpa, DIGERIR o acontecimento, buscando os meios para reparação e libertação do sentimento perturbador. Isso porque a reparação faz parte da Lei de Causa e Efeito e da Lei de Progresso; b) cultivar pensamentos vitalizadores das aspirações até anular aqueles que se encontram nos arquivos do subconsciente, que passará a exteriorizar-se com os conteúdos correspondentes da atualidade, das novas fixações psíquicas e emocionais; c) libertar-se do vício mental das conversações vulgares, licenciosas, que produzem perturbações, alteram o humor, favorecem o pessimismo, o derrotismo e a depressão; d) autoperdãooportunidade de crescimento. Reconhecer que os erros foram cometidos quando éramos ignorantes. Precisamos nos perdoar para melhor abraçar a meta do crescimento e, perdoando-nos, saberemos perdoar o semelhante; e) contemos com o auxílio divino em nosso projeto, conscientes de que esse apoio não prescinde da disciplina individual.

A luta íntima é árdua, mas glorificante.

 

Marcus Vinicius

 

Fontes:

NO MUNDO MAIOR – André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier – FEB – 23ª edição – Capítulo 3 – A Casa Mental.

AUTODESCOBRIMENTO – Uma Luta Interior – Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco – Editora Leal – 2013 – 17ª edição.

REFORMADOR – julho de 2017.

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